terça-feira, julho 06, 2004

O Bardo da Aldeia: um soneto bissexto

Além do Bojador, além da dor,
Em seu desassossego e em plena glória,
Passou um poeta, audaz navegador.
E eu cá fiquei para contar a história.

Embora a confessar-se um fingidor
Gravou seus versos em toda memória.
Ninguém lembrou, porém, do prosador
Que cá ficou para contar a história.

Mas esta, que se tece como teia,
Que se recorta e enreda e desenleia,
É meu pão e meu sal, minha magia.

Por isso, ao mar prefiro a minha aldeia.
Cá vou contando histórias; e algum dia
Hei de fazer as pazes com a poesia.

Ana Lúcia Merege

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