quarta-feira, setembro 30, 2009


Quero ser como o Mago Merlim
passear no bosque e escutar as cantigas
do vento, voar como as aves
ser o lobo que espreita a caça
oculto nas pedras na noite calada
quero falar com o espirito das fontes
ver tombarem as árvores antigas
ser jovem e ter toda a idade que passa
e ser rei da floresta encantada
Tankred Dorst

segunda-feira, setembro 14, 2009

Memórias da Megafeira

Pessoas Queridas,

Hoje quero falar sobre a Bienal do Livro, que ainda vai até o dia 20 e que eu visitei no sábado, depois de uma viagem de duas horas desde Niterói. A vocês que também foram ou que ainda vão, seja para ver os livros ou tomar parte nos eventos, desejo uma ótima visita, mas a minha... bom, a minha foi mais ou menos, pois o lugar estava tão cheio que mal se podia andar. É claro, eu não tinha a menor pretensão de participar dos encontros ou cafés literários – não dava, pois estava com a minha família – mas esperava mais novidades, mais atividades voltadas para as crianças (havia, mas de uma forma mais restrita, mais “escondida” que em edições anteriores do evento) e sobretudo mais espaço livre, no qual eu pudesse circular sem aquela sensação de estar em meio a uma massa de gente. Por outro lado, não posso deixar de ficar feliz por ver a Bienal tão concorrida, pois isso significa que o livro e a leitura são mais valorizados do que se imagina.

De qualquer forma, minha impressão sobre esta Bienal – e aqui não falo como escritora nem como bibliotecária, apenas como uma voraz leitora e compradora de livros – foi a de que tudo parecia excessivo, e na maior parte do tempo não havia como flanar e curtir as coisas com calma. Desde a apregoada “Floresta de Livros”, onde as crianças mal conseguiam se mover, até os estandes quase sempre apertados e apinhados, tudo contribuía para se ter um ataque de ansiedade. Naturalmente, havia exceções à regra, como o estande das editoras universitárias, o da Martins Fontes – concorrido, mas pelo menos tinha espaço para circulação – e o das Edições SM, onde Marina, minha sobrinha de quinze anos, mais uma vez venceu Luciana no jogo da memória. E as meninas ficaram felizes, uma garimpando os estandes de mangá e a outra completando a coleção da “Fada Pérola” e dos livros do “Menino Maluquinho”. Uma pena ela ter pais de coração tão duro, que não quiseram esperar para pegar um autógrafo do Ziraldo... O que seria, digamos, uma hora e meia na fila para falar com um dos seus ídolos?

Enfim, no cômputo geral, valeu, embora eu tenha jurado para mim mesma que só vou à próxima Bienal se for durante a semana. Aí, talvez dê para andar e aproveitar melhor, e somar novas e doces memórias àquelas que tenho de anos anteriores.

Eu lembro de ter parado, mesmo sem estar acompanhada de uma criança, num estande de contação de histórias, e de lá ter ficado até que Anansi saísse ileso do poço; lembro de Fabiano Salek tocando violão e de Augusto Pessôa na Cozinha Piraquê. Não sei se foi nessa mesma vez, mas lembro da Fernanda, minha sobrinha que hoje está com vinte anos, passando horas numa fila de crianças a fim de que lhe fizessem uma pintura no rosto; seu pai a acompanhou o tempo todo sem se queixar, e eu não consegui deixar de lembrar disso e me sentir culpada por não esperar na fila do Ziraldo.

E na primeira Bienal a que fomos de carro, levando nossos amigos Evandro e Bia, e eu e o Evandro somamos tíquetes para ganhar uma caneca que só podia ficar com um dos dois (e está até hoje comigo).

E na de 2003, Luciana quase bebê ficou com a avó enquanto eu e João íamos ao Riocentro, e eu escrevi um post na Estante Mágica, recém-inaugurada, contando do ótimo dia passado com livros, crepes e café.

E numa outra, ainda mais antiga, em que eu trabalhei no estande da Biblioteca Nacional, toda orgulhosa por pensar que estava fazendo a diferença.

E continuo a pensar, apesar de tudo. E o mesmo em relação à Bienal: ela proporciona a muita gente, adultos e crianças, o ensejo de ter contato com os livros, às vezes o primeiro e decisivo contato.

Talvez, se isso for adiante, o interesse que hoje só se manifesta no evento bi-anual passe a ser uma ação continuada, e as pessoas passem a frequentar livrarias e bibliotecas sem esperar pela megafeira. Quem sabe?

Abraços a todos,

Até a próxima!

segunda-feira, setembro 07, 2009

Sementes

Pessoas queridas,

Enfim, estou de volta. Foi difícil criar coragem para encarar esta página vazia. Ainda agora, com tanta coisa que vem me acontecendo, não sei ao certo se eu devia escrever, ou o que deveria escrever, já que a Estante ainda não conseguiu sair da sua crise de identidade. Ela é um diário pessoal ou uma página de dicas literárias? Um site de artigos e resenhas ou um local de bate-papo? Ou tudo isso junto, como costumava ser no início? Não importa. O que importa é que o círculo continua aberto, mesmo que tenha se reduzido a um diâmetro minúsculo.

Meu microcosmo. É nele que estão acontecendo as maiores mudanças, que já me permitiram plantar algumas sementes para o futuro.

Se são rosas, florescerão.