segunda-feira, setembro 14, 2009

Memórias da Megafeira

Pessoas Queridas,

Hoje quero falar sobre a Bienal do Livro, que ainda vai até o dia 20 e que eu visitei no sábado, depois de uma viagem de duas horas desde Niterói. A vocês que também foram ou que ainda vão, seja para ver os livros ou tomar parte nos eventos, desejo uma ótima visita, mas a minha... bom, a minha foi mais ou menos, pois o lugar estava tão cheio que mal se podia andar. É claro, eu não tinha a menor pretensão de participar dos encontros ou cafés literários – não dava, pois estava com a minha família – mas esperava mais novidades, mais atividades voltadas para as crianças (havia, mas de uma forma mais restrita, mais “escondida” que em edições anteriores do evento) e sobretudo mais espaço livre, no qual eu pudesse circular sem aquela sensação de estar em meio a uma massa de gente. Por outro lado, não posso deixar de ficar feliz por ver a Bienal tão concorrida, pois isso significa que o livro e a leitura são mais valorizados do que se imagina.

De qualquer forma, minha impressão sobre esta Bienal – e aqui não falo como escritora nem como bibliotecária, apenas como uma voraz leitora e compradora de livros – foi a de que tudo parecia excessivo, e na maior parte do tempo não havia como flanar e curtir as coisas com calma. Desde a apregoada “Floresta de Livros”, onde as crianças mal conseguiam se mover, até os estandes quase sempre apertados e apinhados, tudo contribuía para se ter um ataque de ansiedade. Naturalmente, havia exceções à regra, como o estande das editoras universitárias, o da Martins Fontes – concorrido, mas pelo menos tinha espaço para circulação – e o das Edições SM, onde Marina, minha sobrinha de quinze anos, mais uma vez venceu Luciana no jogo da memória. E as meninas ficaram felizes, uma garimpando os estandes de mangá e a outra completando a coleção da “Fada Pérola” e dos livros do “Menino Maluquinho”. Uma pena ela ter pais de coração tão duro, que não quiseram esperar para pegar um autógrafo do Ziraldo... O que seria, digamos, uma hora e meia na fila para falar com um dos seus ídolos?

Enfim, no cômputo geral, valeu, embora eu tenha jurado para mim mesma que só vou à próxima Bienal se for durante a semana. Aí, talvez dê para andar e aproveitar melhor, e somar novas e doces memórias àquelas que tenho de anos anteriores.

Eu lembro de ter parado, mesmo sem estar acompanhada de uma criança, num estande de contação de histórias, e de lá ter ficado até que Anansi saísse ileso do poço; lembro de Fabiano Salek tocando violão e de Augusto Pessôa na Cozinha Piraquê. Não sei se foi nessa mesma vez, mas lembro da Fernanda, minha sobrinha que hoje está com vinte anos, passando horas numa fila de crianças a fim de que lhe fizessem uma pintura no rosto; seu pai a acompanhou o tempo todo sem se queixar, e eu não consegui deixar de lembrar disso e me sentir culpada por não esperar na fila do Ziraldo.

E na primeira Bienal a que fomos de carro, levando nossos amigos Evandro e Bia, e eu e o Evandro somamos tíquetes para ganhar uma caneca que só podia ficar com um dos dois (e está até hoje comigo).

E na de 2003, Luciana quase bebê ficou com a avó enquanto eu e João íamos ao Riocentro, e eu escrevi um post na Estante Mágica, recém-inaugurada, contando do ótimo dia passado com livros, crepes e café.

E numa outra, ainda mais antiga, em que eu trabalhei no estande da Biblioteca Nacional, toda orgulhosa por pensar que estava fazendo a diferença.

E continuo a pensar, apesar de tudo. E o mesmo em relação à Bienal: ela proporciona a muita gente, adultos e crianças, o ensejo de ter contato com os livros, às vezes o primeiro e decisivo contato.

Talvez, se isso for adiante, o interesse que hoje só se manifesta no evento bi-anual passe a ser uma ação continuada, e as pessoas passem a frequentar livrarias e bibliotecas sem esperar pela megafeira. Quem sabe?

Abraços a todos,

Até a próxima!

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