sábado, dezembro 29, 2012

Jorge, o Sempre Amado




Pessoas,

Ontem à tarde estive participando do programa "Conexão Futura", para o qual me convidaram por ter organizado a mostra Jorge, o Sempre Amado, na Biblioteca Nacional.

Para quem quiser dar uma olhada, fica aqui o vídeo em que falamos eu e o Prof. Eduardo de Assis Duarte, da UFMG: ele sobre a obra de Jorge Amado e eu sobre minha experiência como leitora, em especial, de "Capitães de Areia" e "Jubiabá".

E para quem estiver no Rio ou passar por aqui ate o final de fevereiro, a mostra com cerca de 30 documentos está no terceiro andar do prédio-sede da FBN, podendo ser visitada de segunda a sexta, entre as 10 e as 18 h.

Espero vocês!

sábado, dezembro 22, 2012

Promoção 2013, uma canção e um texto por Vânia Vidal



Oi, Pessoas! Tudo bem?

Já que o mundo não acabou, aqui estou para anunciar o resultado da promoção 2013. Houve dois participantes: o Sandro Quintana, que sugeriu uma continuação focada no retorno de Laura e Octavio ao Condado, e a Vânia Vidal, minha amiga que está trabalhando em seu primeiro romance enquanto avança em sua dissertação de mestrado. Mesmo com tanta coisa a ocupar seu tempo, ela produziu um texto em primeira pessoa, narrando a odisseia do casal ao longo de vários anos. Foi escrito muito rapidamente (afinal, o mundo podia acabar!), mas ficou ótimo a meu ver, assim como as sugestões do Sandro.

Assim, ambos fazem jus à premiação, e agora mesmo vou avisá-los para combinarmos os detalhes da entrega dos livros - uma cerimônia de preferência acompanhada de um café, pois ambos vivem no Rio, será uma boa ocasião para nos encontrarmos.

A ideia do Sandro para a continuação está nos comentários do post. Já o texto da Vânia, com sua permissão, eu reproduzo aqui, juntamente com o pedido da autora para que vocês deem sua opinião.

Lá vai ele:
...

"Não havia um só lugar seguro em toda a terra.”

Este foi o meu último pensamento ao deixar o Condado, mas eu estava errado. Não me olhe assim, não sou nenhum covarde, não estou aqui tentando enfeitar meu passado, nem dizendo que as coisas são diferentes do que elas são. Ou foram. Nós nunca voltamos, se é isso o que você quer saber, Juan, mas é claro que sua avó tem outra versão e você está bastante crescidinho para tirar as próprias conclusões. O Condado ficou para trás.

Quando descemos a montanha, encontramos uma terra devastada. Terrível, mas ainda assim muito melhor do que esperávamos encontrar. Não, você não tem noção, aliás, ninguém da sua geração, nem pelos filmes que sobraram, ou pelas imagens digitalizadas e recuperadas pelas nuvens de átomos – ou não é assim que chamam aquelas telas feitas de sabão? Bom, não importa. O que importa é o que tenho para lhe contar, afinal, eu também estava lá. Eu senti o cheiro putrefato dos cadáveres às centenas de milhares, empilhados de todas as maneiras possíveis, por todos os cantos onde não sobrara ninguém vivo para dignificar os mortos. Para cada lugar que se olhasse havia centenas deles, mães apertando crianças contra o peito, mãos esticadas suplicando por um socorro que nunca chegaria, homens tentando escapar, velhos encolhidos sobre os joelhos....

Juan, Juan... Depois de meses sob chuva ácida nada mais resta que se pareça com um rosto humano, exceto as expressões que a morte imprime de terror mesmo quando já não podemos distinguir pele e cabelos. Mesmo quando tudo o que resta é uma silhueta crispada, cristalizando para sempre o último movimento, ainda que destroçados, é possível em meio ao caos distinguir uma família. Não sei nem como lhe dizer, Juan, exatamente o que vimos logo na primeira curva. Até hoje não encontro palavras que o definam. Creio até que sua avó, que sempre sabe das coisas, consiga lhe dizer algo que preste. E fora isso, o fedor da morte em cada mínimo detalhe, havia o lixo trazido pelas enxurradas, pelos desmoronamentos, pelos vendavais e pelos humanos que sobraram.

A radiação havia baixado para um nível tolerável para a vida humana, se é que o nível em que chegara naqueles meses tivera sido suficiente para morticínio, e você deve saber que o tolerável está muito longe do ideal. Os marcadores do condado podiam estar mal regulados, ou talvez o desconhecimento acerca da física nuclear fosse realmente grande naqueles tempos, não sei. Nós não tínhamos os conhecimentos de agora, nem conseguíamos fazer a fusão nuclear do hidrogênio direito ainda! Dependíamos daquele troço grosseiro, grotesco, gosmento, e preto, que você, Juan, você nunca viu... e que para nós era essencial, pois dele retirávamos combustível e toda uma gama de produtos plásticos... Enfim, não foi difícil perceber que não éramos os únicos a descer aquela montanha.

Eu falei dos cadáveres, mas omiti uma coisa. Muitos estavam mutilados, e não era por acaso ou força da natureza, que desprega as juntas e incha todo o resto, não... Sua avó foi a primeira a notar os cortes. Os cortes, a simetria, os locais. Aquilo não era obra do acaso, aquilo era obra de gente, e de gente que pensava, e tinha mãos firmes e fortes. Não sabemos se foram feitos antes ou depois de... Não, eu não faço a menor ideia de qual é o gosto de carne humana. Mas, seja lá como for, havia pessoas que sobreviveram graças a isso. E nós iríamos encontrá-las mais cedo ou mais tarde. Não espere que alguém vá se confessar a você, e dizer: eu fiz, eu comi, eu sei. Não vai. Há a vergonha maior, a de sobreviver, e minha geração é refém dela. Ninguém gosta de admitir que deu graças quando percebeu que o mundo acabara para os outros, não para si, mesmo que significasse suas famílias e amigos.

Sempre é tempo para recomeçar, Juan, isso é uma certeza piegas e uma verdade universal. Embora felizes por estarem vivos, irremediavelmente tristes por sobreviverem: assim é a geração dos seus avós, a minha, a de sua avó. Nem mesmo ela, tão forte, tão decidida, escapou desse infortúnio. Você já deve ter lido a infinidade de teses a respeito, não?

Mas... como dizia... ah sim, nós iriámos nos deparar com pessoas que haviam mastigado crianças e velhos, era claro que eu agradecia o fato de termos conosco armas. Nós dois sabíamos usá-las, afinal, havíamos sido treinados e preparados para aquele tipo de situação. Era o que repetíamos na nossa cabeça, pois a realidade Juan é sempre pior, nenhum aprendizado sob condições controladas pode preparar ninguém para lutar pelo próprio pescoço. O ser humano tem algo imprevisível correndo nas veias, que são os instintos, ou hormônios, sei lá. Sei que a adrenalina faz com que todo e qualquer raciocínio lógico desmorone quando o negócio é fazer as pernas se moverem e os dedos apertarem o gatilho.

Quando vi aqueles homens sedentos de corpo de mulher, ainda mais um corpo saudável como o da sua avó, se aproximando dela, suas narinas infladas farejando sexo, suas bocas sequiosas e seus olhares desvairados, apertei o gatilho. Matei sim, era eu ou eles, era sua avó ou eles. Éramos nós ou eles. É claro que a lei do mais forte se impunha também para nós dois, apesar dos nossos brios. Foi o pior momento de toda a minha vida, olhar para os corpos dos homens que eu mesmo matei. Aquela havia sido a primeira aldeia que encontrávamos em muitos dias pelas estradas que sobraram. Passei o resto da viagem me sentindo um monstro por ter talvez destruído o último resquício da humanidade, convencido que estava que o destino não me daria a oportunidade de encontrar pessoas vivas fora do Condado que não tivessem virados monstros canibais-estupradores-de-mulheres. E, Juan, eu estava errado! Viu, sua avó finalmente concordou com alguma coisa que eu disse. Eu sempre estou errado mesmo sob o olhar de Laura.

Nós estávamos viajando há muitos dias, não sei quantos, a duração do tempo havia sido modificada, o eixo da terra havia mudado a angulação, não tínhamos mais relógios confiáveis, nem tempo para inventar algum. Precisávamos encontrar uma casa, comida. Alimentávamos com as parcas plantas que podiam ser consumidas sem temor, este sim um grande aprendizado oriundo do confinamento. A água que dispúnhamos provinha da chuva, que após diversas filtrações sucessivas podia ser consumida sem corroer as entranhas, porém o gosto era pior que o de mijo de gato e não poderíamos ficar muito mais tempo vivendo assim.

As cidades estavam convertidas em amontoados de escombros parcialmente alagados por lama e esgoto. Entretanto havia prédios que não haviam sido seriamente afetados em suas fundações e que podiam ser aproveitados como abrigo futuro, e que deviam estar servindo de abrigo para pessoas. Encontramos algumas delas assim, e como era de se esperar, elas sabiam onde havia outras na mesma situação. A desgraça. Juan, mesmo que seja o fim do mundo, não impede que a humanidade siga a sua vocação, que é comunicar-se entre si. Humanos procuram meios de falar com outros humanos, isso é fato. Portanto, logo soubemos onde havia sobreviventes, e como haviam sobrevivido. As histórias variam muito, e quase todas envolvem uma parcela de sorte, não vou ficar aqui tecendo teorias.

O que vou dizer é que aos poucos nós fomos reconstruindo o que era possível. O grupo de refugiados urbanos, onde nós agora estávamos também, tratava de tentar remediar as perdas. Grupos de tarefas para desobstruir estradas, pontes, rios, casas, bibliotecas. Grupos de tarefas para buscar alimentos, sementes, sobreviventes; Grupo de tarefas para pensar e descobrir meios para descontaminar as águas; grupos de todos os tipos. Laura logo foi parar no grupo de enfermeiros e médicos, que não eram médicos e enfermeiros antes, mas tornaram-se pelas circunstâncias. Eu fui para o grupo dos construtores e ajudei a erguer pontes, casas, hospitais. Trabalhávamos muito, todos os dias, e o tempo passava rápido. O tempo passava e as demandas cresciam mais e mais, sobreviver é muito difícil, Juan! Os anos escorriam pelos nossos dedos enquanto tentávamos prover o básico sem muito sucesso. Tivemos períodos de fome, de doenças e de revoltas, mas também de sorte, sucesso e calmaria. Como antes, como antes de tudo acontecer.

Claro que eu pensava em voltar para o Condado, mas a rotina nos engolia. Quanto mais fazíamos, mais precisávamos fazer. Quanto mais avançávamos rumo a uma normalidade, mais difícil era manter o equilíbrio entre as pessoas. Até que um dia sua avó me disse que estava grávida. Eu não acreditei, pois as taxas de natalidade eram muito baixas graças à péssima nutrição que todos tínhamos. A última criança havia nascido morta há dois ou três anos. Vivíamos de hortaliças, carne de roedores e grãos. Os campos puderam ser cultivados após anos tentando recuperar o solo, e mesmo assim a produção não era boa, mas a sua avó estava mesmo grávida, e a criança nasceu e vingou. As coisas também foram se ajeitando, em um ritmo inexplicavelmente rápido, que antigamente dávamos o nome de progresso. Hoje eu chamo de ‘ a incrível capacidade que a humanidade tem de começar do zero’. Nós tivemos outros filhos e o final você já sabe.

Eu envelheci como professor universitário, sua avó como enfermeira. Seu pai lutou na guerra de unificação das colônias de sobreviventes da antiga França, de onde jamais regressaria... Nunca mais soubemos do Condado. E depois de tantos anos, não havia mais motivos para procurar saber...

Sua avó tentou por algum tempo, mas nada fora encontrado. Ir lá, sozinha, nunca permiti, ainda mais depois que as crianças nasceram. Quando finalmente estavam crescidas, sua mãe parou de falar no assunto.

É claro que à noite eu me pergunto o que lhes teria acontecido. É claro que sinto saudade. Mas o que você queria que eu fizesse? Largasse o certo pelo incerto outra vez? Eu não, eu era apenas um homem. Um homem que tem o que todos os homens têm: vergonha. Vergonha por ter partido, vergonha por não ter voltado, vergonha por ter uma vida boa. E a coragem de ter sobrevivido.

E ter gostado.

Mas eu não me arrependo.


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E então? Curtiram? Eu sim, e muito! Obrigada, Vânia, e você também, Sandro, por sua participação. E como é Natal quero presentear vocês com uma lembrança da minha adolescência: cliquem aqui e ouçam a belíssima canção "Depois do Fim", do Bacamarte, a trilha sonora perfeita para as histórias do "Condado" espanhol.

Enfim, boas festas pra vocês, bom descanso e/ou divertimento. Antes do fim do ano eu volto.

Abraços a todos!

segunda-feira, dezembro 17, 2012

Melhores Leituras de 2012 : Dez Livros Estrangeiros





Oi, Pessoas!

Estou de volta com a lista de melhores leituras, desta vez falando de obras estrangeiras. Os parâmetros usados já foram explicados na primeira parte, e, sendo assim... Bom, vamos direto ao assunto.

O Círculo negro, de Catherine Fisher

O primeiro juvenil da minha lista, trata de forma sensível do conflito entre dois irmãos: um adolescente com talento para a pintura e uma menina, pouco mais nova, cujo dom (mantido em segredo) é a escrita. Após um acidente, a criança entra em coma e seu espírito (mente, se preferirem) se torna presa de um mundo feérico fortemente ligado aos mitos celtas. Não vou dar spoilers, mas dois avisos: 1. A parte psicológica é o forte do livro, não a ação; 2. Vale muito a pena.

A Invenção de Hugo Cabret, de Brian Selznick

Dispensa comentários. Narrativa e imagens unidas com mestria e ainda uma bela homenagem a Georges Meliès e ao mundo mágico que cercou os primeiros tempos do cinema. O filme é lindo, mas, por favor, não deixem de dar também uma chance ao livro.

Stravaganza, de Mary Hoffmann

Uma trama conduzida em dois lugares: a Londres atual e uma época que lembra o final do Renascimento em um país que lembra a Itália. Entre ambos, lidando com uma trama que mistura nobres e alquimistas, um menino com o dom de fazer viagens no tempo e no espaço e com o nome mais lindo do mundo: Luciano. Uma fantasia imperdível.

Garota, traduzida, de Jean Kwok

Este é o primeiro em ordem alfabética e, por coincidência, o mais juvenil dos livros para adultos que constam nesta lista. Uma menina e sua mãe, recém-chegadas da China aos Estados Unidos, enfrentam todo tipo de dificuldades a fim de que a garota realize seu sonho de estudar e se formar em medicina. O amor entre elas é de fazer sorrir e chorar. Um ótimo livro. 

Hibisco roxo, de Chimamanda Adichie

Outro livro maravilhoso da autora de "Meio Sol Amarelo". Um casal de irmãos tem como pai um industrial africano, cristão até a medula e que exige o impossível da esposa e dos filhos em meio a um país dilacerado por conflitos. Não percam, vale muito a pena.

Invisíveis, de Stef Penney

Nos anos 80, um detetive inglês é contratado por uma familia de ciganos para investigar um desaparecimento e acaba se envolvendo com um drama familiar envolto em segredos e em séculos de perseguição e preconceito. Juro que não descamba para a existência de ordens secretas, templários nem vampiros - é uma ficção bem realista - mas vocês vão gostar de conhecer  o demônio Poreskoro, "o que não era macho nem fêmea". 

Rei rato, de China Mièville

Confesso que não achei "Perdido Street Station" tão legal assim, mas este é. E a tradução de Alexandre Mandarino é fenomenal. Este livro fala sobre uma figura que existe no folclore e em contos populares, o Rei Rato, que domina os esgotos e o submundo e tem como adversário um temível flautista. Muito bom!

A Resposta, de Kathrynn Stockett

Sim, esse também tem filme. Sim, o filme é bom. E é fiel. Mas o livro é mais detalhado e conta melhor a história de mulheres negras nos estados americanos do sul - quando elas decidem pela primeira vez contar de fato sua história. 

O Último desejo, de Andrzej Sapkowski

O melhor livro de fantasia que li este ano, e foram muitos. Na verdade trata-se de contos entrelaçados, protagonizados pelo bruxo/mutante/criatura mágica Geralt de Rívia, que enfrenta outros bruxos/mutantes/criaturas mágicas em narrativas cheias de sangue, sensualidade, mas também aventura e humor. As duas continuações estão no topo da minha lista para o ano que vem.

O Último Dickens, de Matthew Pearl

Um thriller muito bem escrito sobre o desaparecimento misterioso da última obra (inacabada) de Charles Dickens, história que se entrelaça com o relato da visita do escritor aos Estados Unidos. Os fãs de Dickens vão gostar. Alguns talvez até fazer como eu, que encomendei os dois outros livros de Pearl, sobre Dante e Allan Poe. Acho que valerá a pena.

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Bom, Pessoas, essa foi a minha lista. Espero que se interessem por algumas destas leituras e partilhem as suas. O que vocês leram este ano que podem me recomendar? Contem aí, não sejam tímidos. :)

E pra quem vem sempre por aqui, não se esqueçam: está valendo a promoção 2013. Aguardo participações!

Abraços a todos e até a próxima!

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Imagem retirada deste blog. Espero que o autor não se importe, a intenção aqui também é falar de livros e leituras.

domingo, dezembro 16, 2012

Melhores Leituras de 2012: Dez Livros Nacionais




Oi, Pessoas! Tudo bem?

Bibliotecária, Sol na 4ª. casa astrológica, apreciadora de História e Mitologia... É, tudo aponta para um certo apego às tradições. E, como estamos em dezembro, chegou a hora de cumprir o que se tornou uma tradição aqui na Estante Mágica, falando um pouco sobre os livros que li em 2012.

Antes de começar, devo explicar que desta vez optei por apenas duas categorias: livros nacionais e estrangeiros, tendo por única regra não listar antologias com vários autores. Foi por puro acaso que não entrou nenhum livro de contos na lista final. Também os juvenis, que estariam numa categoria à parte, acabaram se mesclando aos demais, e reservei três posições para eles. Assim, cada lista é aberta por três livros juvenis - que entram primeiro, em ordem alfabética de título – aos quais se seguem sete romances para adultos, também em ordem alfabética.

Deixo claro que não é minha intenção fazer qualquer juízo de valor. Leitura, como vocês sabem, é algo muito pessoal. Um livro pode ser maravilhoso para mim e chatíssimo para outra pessoa; pode fornecer a chave para a compreensão da minha existência e não fazer nenhum sentido para você. Também há aqueles que, como escritora, eu não podia deixar de ler e cuja importância reconheço, mas que não pus na lista porque não foram leituras muito fáceis nem – para mim – tão agradáveis.

Em suma, a intenção aqui não foi enumerar “os melhores livros”, mas partilhar as leituras que mais me deram prazer ao longo deste ano. As listas incluem títulos recentes e alguns lançados há anos, além de uma bela mistura de estilos e gêneros.

Confiram!

A Árvore do medo, de Marco Túlio Costa

É um livro juvenil, mas não só: fala sobre um professor convidado por uma ONG a dar uma oficina de escrita criativa para jovens, e em meio à narrativa se encontram algumas dicas para quem trabalha com isso. A história, porém, encanta, pois, sem deixar em momento algum de ser uma narrativa envolvente, consegue mostrar como a literatura pode realmente cumprir uma função libertária. Boa escrita, bela mensagem.

Duncan Garibaldi, de A. Z. Cordenonsi

Boa parte dos visitantes da Estante Mágica deve conhecer este. É uma aventura muito bem narrada, com pinceladas de mitologia e cultura brasileira, tendo por fundo um bom trabalho de pesquisa sobre a cidade do autor (Santa Maria, RS). E com um gostinho steampunk ainda por cima.

Ouro, fogo e megabytes, de Felipe Castilho

Um livro surpreendente, cheio de aventuras e reviravoltas que combinam jogos online e seres do folclore brasileiro – mas o melhor mesmo é a narrativa de Felipe, cujos diálogos e descrições fogem do jeitão “engessado” que vemos tanto em juvenis quanto em livros de fantasia para adultos e tornam seus personagens e sua história muito mais críveis e envolventes. Trabalho de mestre.

O Andarilho das sombras, de Eduardo Massami Kasse

Um livro de fantasia medieval que segue a linha de Bernard Cornwell: tudo é cru, tudo é sujo, tudo é direto. Ao mesmo tempo, uma narrativa que prende, entrelaçando dois momentos do mesmo personagem para no fim levar o leitor a compreender como ele chegou até ali e o porquê de fazer o que faz. Vale a pena.

Carvão animal, de Ana Paula Maia

Também um livro cru, conta a história de dois irmãos – um bombeiro, um funcionário de crematório – e da cidade onde vivem, onde tudo é cinzento e onde os mortos abastecem os vivos. Ambos têm de lidar com uma tragédia do passado ao mesmo tempo que fazem frente a um cotidiano árido e brutal. Incomoda e surpreende.

O Centésimo em Roma, de Max Mallmann

Uma delícia de livro. Não só pela ambientação fabulosa, mas pelo protagonista – o impagável centurião Desiderius Dolens - , pela trama, recheada de maquinações, surpresas e bastante humor, e pelos diálogos mais do que afiados. Um livro para ler, reler e dar de presente.

Gabriel, de Claudio Parreira

O que fazer quando o “cara lá de cima” dá uma de doido e envia ninguém menos que o anjo Gabriel à terra, numa missão quase impossível? E quando o anjo é ajudado pelas pessoas mais improváveis? Em cima disso, Parreira criou uma ótima história, com humor, suspense e uma boa escrita. Recomendo!

Kaori, perfume de vampira, de Giulia Moon

Embora não seja muito fã de livros de vampiro, posso dizer que este me encantou. Curti tanto a parte dele que se passa em São Paulo quanto a do antigo Japão, lugares por onde transita a sedutora Kaori - e os dois outros livros da saga já estão na minha lista para 2013, com a promessa de mais fascínio em boa narrativa.

A Primeira mulher, de Miguel Sanchez Neto

O autor dispensa comentários: quase todos os anos tem livro dele na minha lista. Este não fica atrás dos primeiros, contando a história de um professor quarentão, solitário e meio entediado que se envolve numa trama criminal de fundo político. Ao fundo desfilam várias mulheres: a ex-namorada, a aluna, a secretária e a mais importante de todas, que é... Ora, leiam! :)

A Tisana, de Roberto de Mello e Souza

Li este livro enquanto trabalhava na organização da coletânea Excalibur, da Editora Draco, que sai no ano que vem. Trata-se da história de Tristão e Isolda transportada para o sertão e contada ao estilo de João Guimarães Rosa – com um resultado incrível. O autor é responsável por levar a história de Percival para o mesmo universo em “O Pão de Cará”, dois livros que recomendo a fãs do mito arturiano e a apreciadores da boa literatura nacional.

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Bom, Pessoas, por enquanto é só. Em breve sairá a lista de livros estrangeiros. E não esqueçam: estamos com uma promoção bem legal aqui no blog, valendo um exemplar de 2013. Aguardo sua participação!

Até a próxima e um grande abraço!

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Post ilustrado com uma imagem que recebi e compartilhei no Facebook. Desde já peço licença ao seu autor para utilizá-la e me comprometo a dar o crédito, se alguém souber de quem é.

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Promoção 2013



Adoráveis Pessoas,

O fim do ano se aproxima e eu estou mais atarefada do que nunca. Ainda bem! Assim não tenho tempo pra pensar no fim que se aproxima, a julgar por certas profecias... e que chegou, de fato, no livro cuja capa ilustra este post.

Já conhecem, né? Trata-se do 2013, parceria entre as editoras Literata e Ornitorrinco, no qual os autores contam suas histórias com base naquilo que viria após o fim do mundo. Todas são legais, porém mais legal ainda é que a minha pode ser lida na rede, bastando baixar a edição n. 104 da revista Somnium, publicada pelo Clube dos Leitores de Ficção Científica do Brasil.

Agora, o mais legal mesmo é que, conforme prometi há algum tempo, estou iniciando uma promoção, valendo um exemplar autografado do 2013. Para concorrer, basta sugerir uma continuação ou um final, mesmo que em poucas linhas, para o meu conto Deixando o Condado, que pode ser lido através do link da Somnium.

Entendam bem que não se trata de escrever outro conto, embora eu fosse adorar (e já deixo um prêmio extra prometido a quem fizer isso). É só para pensar no que acontece com meus protagonistas, ou pelo menos alguns deles, em seguida à história que é narrada em Deixando o Condado. Não há restrições para outros autores do livro, funcionários da Literata ou da Ornitorrinco, seus cônjuges ou parentes em qualquer grau.

A promoção está valendo até o dia 21 de dezembro, quando supostamente termina o calendário maia. Se o mundo não acabar, no dia 22 eu anuncio o vencedor, que será aquele cuja sugestão me parecer mais criativa. Se ninguém participar - é triste, mas pode acontecer - o livro será sorteado entre os seguidores deste blog.

Então, Pessoas... Aguardo suas sugestões acerca do futuro de Octavio, Laura, Mauricio e do próprio Condado. É só pensar um pouco, pois, com todos os defeitos que o conto possa ter, trata-se de uma história que pode render várias e surpreendentes continuações.

Abraços e até breve!