sexta-feira, novembro 27, 2015
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quarta-feira, novembro 11, 2015
São Martinho - Quentes e Boas
Meus anos em Portugal estão cada vez mais para trás no tempo, mas as coisas boas ficam na memória para sempre. Uma das que eu me lembro é a tradição do Dia de São Martinho. Em Lisboa era mais comentada do que praticada, mas todos sabiam que o 11 de novembro é tradicionalmente dedicado à celebração do fim da vindima (colheita da uva) e é quando se bebe o vinho novo, fabricado umas semanas antes e cheio de acidez. Por isso, às vezes, ele é substituído pelo aguapé, que é a água jogada sobre as cascas e bagaço da uva, onde ainda fica um restinho de mosto.
A tradição manda que o vinho seja acompanhado de castanhas, "quentes e boas", como diz o fado. Quando vivi em Lisboa, por essa época elas começavam a ser vendidas nas ruas, em carrinhos ambulantes. Eram asssdas na hora, comprava-se a dúzia que vinha embrulhada em uma folha de catálogo telefônico e se ficava com os dedos e o rosto manchado de preto, por causa da fuligem e da tinta do papel. Às vezes, os mais afoitos, com a boca levemente queimada. Mas que era bom, lá isso era!
Isso pelos idos de 1993 e 94, antes da União Europeia. Disse a minha amiga de Lisboa que hoje em dia as castanhas são embrulhadas num papel limpinho, próprio para isso. Sinal dos tempos...! Ainda assim, acredito que o sabor não tenha mudado, e espero tornar a prová-lo. E, quem sabe, também visitar uma adega para tomar o legítimo vinho novo, ou aguapé, e estreitar os laços com a terrinha que é a de meu pai.
Viva São Martinho!!
quinta-feira, novembro 05, 2015
Quando For Assim
A
Mulher Grisalha não tem qualquer problema com falares, sotaques e jeitos
coloquiais. Tolera a maior parte das gírias e vícios de linguagem, aliás
cultiva alguns em seu próprio jardim, e compreende a inevitabilidade dos
jargões de ofício. No entanto, há expressões que a desgostam, e é esse o caso
do “Quando For Assim”.
Essas
três palavrinhas parecem amigáveis, mas escondem uma realidade terrível: a da
censura velada à sua forma de resolver problemas, quando não ao seu direito de
opinar e até de pensar. Claro que às
vezes a intenção é a melhor e a orientação é necessária, mas o uso da expressão,
principalmente quando é dita em tom condescendente e acompanhada de um braço ao
redor do seu ombro, acaba com qualquer possibilidade de gratidão. Você tem sua
percepção, raciocínio e atitudes questionados: ok, você estava sozinha para
resolver esse e aquele problema, ninguém soube te dar informações ou você não
tem meios para fazer algo do jeito canônico, mas, quando for assim, siga o procedimento X, mesmo que tenha conseguido
fazer o que precisava de um jeito muito mais simples.
Ou: é proibido/impossível, mas, quando, for assim, fale comigo que eu
arranjo tudo.
Ou ainda (essa está nas
entrelinhas e é a pior de todas): ninguém te deu retorno sobre nada, mas, quando for assim, você deve ser capaz de
adivinhar exatamente o que se passa na cabeça dos outros e agir de acordo com
os que eles esperam. Se não, cadê sua inteligência? Cadê sua boa vontade e
capacidade de observação? Cadê, ó Mulher Grisalha, cadê seus superpoderes?
Enfim, são palavrinhas camaradas,
mas deve haver alguma vibração cósmica no som, fico incomodada sempre que
escuto. E o resultado é que uso este espaço, que devia ser de uma crônica, para
um desbafo, ou um mimimi, aliás outra palavra corriqueira que me dá nos nervos.
Sei que é chato vir aqui e se deparar com isso; peço desculpas.
E prometo que, quando for assim, avisarei no subtítulo
do texto para que vocês possam fechar a página.
segunda-feira, novembro 02, 2015
Lembrando "O Feitiço de Áquila"
Ontem, depois de muitos anos, revi "O Feitiço de Áquila" -- e me impressionei. Como tem elementos desse filme que eu evoquei, a maior parte de forma inconsciente, em "O Caçador" e "O Castelo das Águias"!
Cheguei a me arrepiar no momento em que Navarre manda Philippe envolver o falcão ferido em um pedaço de pano; eu não me lembrava dessa parte do filme, mas acontece com uma águia no Castelo, que é ferida e depois socorrida por Padraig. E a ideia dos lobos e falcões (no meu caso, águias) de naturezas diferentes, mas que se casam para a vida toda.
O filme foi feito e assistido há 30 anos, mas continua a me encantar. O único elemento de estranheza foi a trilha sonora típica dos anos 80, da qual eu realmente não me lembrava. Hoje, as cenas de luta seriam certamente acompanhadas por música bem diferente. Mas valeu, valeu de verdade.
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