terça-feira, março 31, 2020

Na Quarentena : Comédia de Erros

      Após onze dias em isolamento, para fazer compras no mercado em frente de casa. Não usei luvas, porque não achei para comprar, mas estava de máscara e com o cabelo preso em coque. Pensei que estaria irreconhecível, mas mal entrei as caixas saudaram: "Oi, Ana!" "Tá sumida, estranhei!" , e o gerente "Aqui o nosso número se a senhora quiser fazer compra pelo zap". Mas o zap não garante a data de validade do queijo minas, então... a senhora entrou.

      Depois das compras - mercado bem abastecido, não muito cheio, só uma ou duas pessoas de máscara, mas dando bom espaço de uma para a outra na fila --, voltei com alguns itens de geladeira e cruzei com minha vizinha, Ana Cristina, subindo com compras pedidas por Whatsapp no mesmo mercado. Entrei, fiz todo o ritual de tira roupa/tira máscara/higieniza produto/guarda produto e estava quase no fim quando tive que me paramentar de novo e descer pra pegar minhas compras. Estava esvaziando o carrinho quando toca o interfone. Meu marido atende e o porteiro informa:

     -- Seu João, o rapaz da entrega voltou e disse que vieram umas coisas que não são pro seu apartamento.

     -- Olha, João -- eu, da porta, conferindo as compras e o nome inequívoco na papeleta de entrega: -- Eles misturaram minhas compras de produtos resfriados com as da vizinha.

      Meu marido entende e avisa ao porteiro que já vou descer. O porteiro:

      -- Seu João, ele está dizendo que "Dona Lúcia" já tinha levado seus gelados para casa.

      Meu marido informa que não, que alguns de meus itens não foram entregues. O rapaz do mercado assume a interlocução e há uma irritada troca de frases entre ele e João, que ele tentava convencer a todo custo de que eu só tinha o que devolver e não o que pegar. Mas vê lá se eu vou abrir mão das minhas pizzas e das minhas bandejas de frango. No way! Termino de esvaziar o carrinho, desço com ele e a sacola e levo cinco minutos explicando que eu tinha pegado o iogurte, sim, mas o frango e a pizza não, e que a sacola da Ana Lúcia tinha ido para a Ana Cristina, três andares abaixo. Que, avisada, desceu com meu frango e pizza e pegou seu queijo, salsichas e... as mesmas pizzas, que de relance haviam nos confundido e nos feito subir com as sacolas trocadas.

   Shakespeare escreveu ótimas peças em quarentena, mas essa é a melhor Comédia de Erros que eu sou capaz de narrar.

***

   Imagem retirada da loja online do Magazine Luiza, que está fazendo bonito neste período complicado: fez uma doação para ajudar a quem precisa e não vai demitir ninguém nos próximos meses. Porque o oceano é feito de muitas gotas. 

quinta-feira, março 05, 2020

#EspalheFantasia: Os "Quatro Esses" de Eduardo Massami Kasse

Pessoas Queridas,

Dando sequência ao projeto #EspalheFantasia, estamos divulgando livros e autores nacionais que escrevem no gênero.

Série Tempos de Sangue
O autor que escolhi é um parceiro de trabalho de longa data, que eu tenho orgulho de também chamar de amigo: o Eduardo Massami Kasse, autor da série Tempos de Sangue e da saga Vikings, além de contos e roteiros de HQ, sempre publicados pela Editora Draco.

Eduardo é paulistano, nascido no bairro da Liberdade (o sobrenome e os olhos puxados já entregam!) e trabalhou a maior parte da vida com TI. De 2009 pra cá, no entanto, ele vem se dedicando à escrita de livros e contos de fantasia – e é tão disciplinado e persistente que nestes 10 anos concluiu, entre outros trabalhos, uma incrível série de fantasia histórica. Trata-se da Tempos de Sangue, que conta com nada menos de cinco livros e vários spin-offs publicados em e-book, além da HQ “A Teia Escarlate”.


A série gira em torno de Harold Stonecross, inglês que vive em tempos medievais e se torna imortal. Não como o Highlander, mas por meio de um dom que ao mesmo tempo é uma maldição. Em sua jornada, ele conhecerá outros que partilham do mesmo destino, fará aliados e inimigos e passará por muitas aventuras, em cenários extremamente bem apresentados e verossímeis. Isso porque o Eduardo é um mestre da pesquisa histórica e tem grande facilidade para levar seu leitor a visualizar e a se sentir dentro das cenas que ele descreve.

Psiu! Psiu! Aqui tem conto do Kasse!

Eu, que tive o prazer de fazer o copidesque da maioria dos seus livros, costumo dizer que o trabalho do Kasse tem quatro “esses”: sexo, sangue, suor e sujeira. De fato, a Idade Média é pintada por ele em suas cores mais cruas, o que faz de seus livros um prato cheio para quem gosta de uma fantasia histórica mais hardcore. Isso se aplica não apenas à série Tempos de Sangue, mas à saga Vikings, seu trabalho mais recente, aos quadrinhos e também aos contos.

Falando nisso, nós dividimos a organização da coletânea "Medieval", que venceu o Prêmio Argos de melhor coletânea em 2017, e o Kasse participa de várias outras. Inclusive da minha mais recente, "Duendes", com um conto ambientado no universo Tempos de Sangue.

Assim, se você curte fantasia medieval do tipo realista e quiser ler uma boa história à qual não faltem os "quatro esses", conheça o trabalho do Eduardo. Seus livros estão à venda no site da Draco, na Amazon e em outras livrarias, mas não deixe de visitar seu site pessoal, onde o autor apresenta a si mesmo e à sua obra.

Garanto que vale a pena!