segunda-feira, abril 28, 2014

Desejo de Regresso: Poema de Cecília Meireles

Pessoas Queridas,

Não é aniversário, nem aniversário de sua morte (embora este ano se complete o cinquentenário), é apenas um tipo estranho e feliz de nostalgia que está me fazendo reler Cecília Meireles.



Resolvi compartilhar isso com vocês, sem links para seus textos ou biografia (a rede está repleta deles, é só procurar!), mas ilustrando com um desenho de Cecília em Lisboa - feito por seu primeiro marido, Fernando Correia Dias - e com um poema que eu levei copiado num caderno quando fui passar três anos em Portugal. Espero que vocês também gostem.

Desejo de Regresso

Deixai-me nascer de novo,
nunca mais em terra estranha,
mas no meio do meu povo,
com meu céu, minha montanha,
meu mar e minha família.

E que na minha memória
fique esta vida bem viva,
para contar minha história
de mendiga e de cativa
e meus suspiros de exílio.

Porque há doçura e beleza
na amargura atravessada,
e eu quero memória acesa
depois da angústia apagada.
Com que afeição me remiro!

Marinheiro de regresso
com seu barco posto a fundo,
às vezes quase me esqueço
que foi verdade este mundo.

(Ou talvez fosse mentira…)

terça-feira, abril 08, 2014

Odisseia da Literatura Fantástica




Pessoal, para quem ainda não sabe, vou participar da III Odisseia de Literatura Fantástica em dois diferentes momentos.

No dia 11 de abril - Dia do Aluno -, às 14 horas, vou conversar com estudantes que leram meu livro "O Castelo das Águias". Depois disso, fico no evento batendo papo com quem aparecer por lá.

No dia 12 de abril, sábado, divido a mesa com Nikelen Witter e Simone Saueressig para falar sobre literatura juvenil. O bate-papo está marcado para começar às 14:30 e terminar uma hora depois - e logo em seguida, infelizmente, eu terei de correr pro aeroporto a fim de pegar o último voo com destino ao Rio.


Mesmo sem poder ficar até o fim, espero rever muita gente boa e conhecer novos amigos. A gente se vê por lá!

.....

Saiba tudo sobre o evento clicando aqui.

quarta-feira, abril 02, 2014

Hans Christian Andersen



Pessoas Queridas,

Hoje é Dia Internacional do Livro Infantil, data escolhida para homenagear o aniversário de nascimento de Hans Christian Andersen. E com justiça, pois o escritor dinamarquês nos transmitiu um legado de centenas de páginas maravilhosas, boa parte das quais destinadas às crianças.

Ao contrário de Perrault e dos Grimm, Andersen (1805-1875) provinha de uma família humilde. Seu pai, embora pouco instruído, gostava de ler, e parece ter sido ele que inculcou no filho o gosto pela literatura, através de obras como "As Mil e Uma Noites". O jovem Hans, porém, cedo ficou órfão de pai e passou por várias dificuldades, incluindo a passagem por uma escola onde, a pretexto de formar seu caráter, o mestre não apenas o humilhou como o desencorajou a escrever. Isso o fez passar por um período de depressão, mas - como diria Nietzsche - deve também ter servido para torná-lo mais forte.

Mais tarde, Andersen não apenas relataria esses anos sombrios numa autobiografia - publicada em 1832 - mas também usaria suas lembranças para escrever os mais belos e sensíveis dentre seus contos. Neles, muitas vezes, coisas más acontecem a seres puros e bons como “O Patinho Feio”, a “Pequena Sereia” e “A Pequena Vendedora de Fósforos”. Essas histórias comoventes costumam levar seus leitores às lágrimas, mas muitos críticos as consideram fascinantes, impregnadas de uma força redentora que compensa os sofrimentos do herói/heroína.

Em 1830, Andersen já declarava sua intenção de publicar um ciclo de contos populares dinamarqueses, e em 1835, após um pequeno livro chamado “Contos Contados para Crianças”, tinha três volumes de contos de fadas no prelo. Nessa época, seus contos, embora criticados pela imprensa, já eram bastante lidos pelo público infantil, e em Weimar e Londres ele alcançou o sucesso que não tivera na Dinamarca.

Também ao contrário de Perrault e dos Grimm, Andersen reivindicava a autoria de seus contos, embora admitisse que alguns eram inspirados pelas histórias que ouvira na infância. De fato, embora os estudiosos tenham apontado o eco de contos populares em sua obra, elas não são versões escritas de narrativas tradicionais. Ainda assim, ele é considerado como um dos principais nomes do conto de fadas, não o canônico - que deveria ser anônimo e não autoral - mas o literário, no qual os motivos e narrativas universais são retomados e transformados pelo gênio e pela criatividade do artista.