terça-feira, dezembro 31, 2013

Retrospectiva: Meu Ano Literário




Pessoas Queridas,

O novo ano está batendo à porta, e em meio aos planos e resoluções para o futuro eu resolvi olhar pra trás e ver o quanto caminhei.

Eu entrei em 2013 com um conto longo pela metade e o concluí nos primeiros dias de janeiro. O mesmo acontecerá este ano, ao que parece. Sem contabilizar essas páginas, nem as que escrevi para a nova versão do meu próximo livro - umas 50, sem exagero -, eu produzi cerca de 130 páginas de texto literário, entre contos, microcontos e a metade final de uma novela.

Dito assim não parece muito, mas na verdade até que é uma quantidade considerável de texto, ainda mais porque a produção não ficou por aí. Ao longo do ano, escrevi cerca de 30 posts não-literários  para  blogs; um prefácio; um posfácio; pareceres de 5 leituras críticas; textos de abertura para três mostras de documentos e um artigo para os Anais da Biblioteca Nacional. Isso sem contar as leituras, copidesques e revisões, que também não foram poucas. Não publiquei livro solo, mas co-organizei duas antologias ("Bestiário : outras criaturas", da Ornitorrinco, e "Meu amor é um sobrevivente", da Draco) e tive o prazer de ver lançada a coletânea arturiana "Excalibur", também da Draco, a primeira cuja organização foi minha inteira responsabilidade.

Quanto a leituras, supondo que eu termine ainda este ano o livro que comecei ontem, serão ao todo 133 obras, incluindo quadrinhos em formato grande (só os álbuns, tipo "Piteco - Ingá"). Artigos, impressos ou lidos na rede, e contos online é impossível contabilizar, mas também foram muitos, embora não tantos quanto eu gostaria para me inteirar de tudo que está acontecendo, especialmente em termos de Literatura Fantástica.

Neste ponto, alguém já deve estar pensando: "mas isso não é grande coisa, eu li/escrevi/publiquei bem mais"... É verdade, há quem tenha sido muito mais produtivo, e fico feliz por eles; isto não é uma competição. Também não é para fazer um auto-elogio ou coisa do tipo. Na verdade, o que escrevo aqui é como que a impressão do mapa do que foi o meu ano, do caminho que meu trabalho está seguindo ou, se preferirem, do registro do meu progresso - que talvez não tenha sido tão grande, é verdade, mas já serve para me animar.

Sim, eu queria ter feito mais, porém fiz o melhor que pude e já colhi alguns frutos do meu trabalho. E, principalmente, plantei para colher ainda mais ao longo dos próximos tempos.

Espero que continuemos juntos, em 2014 e por muitos anos ainda, partilhando nossas colheitas, nossas histórias, nossas experiências.

Até breve!

segunda-feira, dezembro 23, 2013

Top 10 2013 : livros de ficção para jovens




Olá, Pessoas!

Chegou a hora de eu falar sobre as leituras de juvenis. Hoje são usadas várias subdivisões - infantojuvenis, livros para jovens adultos, para novos adultos e aí vai - mas aqui não me preocupei em fazer essas distinções, até porque variam muito de leitor para leitor. Mais uma vez, usei o critério dos 30% e escolhi três títulos nacionais; não houve favoritismo, esses foram mesmo os que preferi, mas fico feliz e honrada por citar três ótimas autoras que além disso são amigas muito queridas.

Vamos lá?

O Nalladigua, de Simone Saueressig. Primeiro livro da série “Os Sóis da América”, narra a odisseia de Pelume, que deixa sua terra no extremo sul do continente e parte em busca de uma história que faça o sol retornar. Ao longo da jornada ele encontra vários companheiros e se depara com criaturas míticas de toda a América, apresentadas de forma magistral através da prosa fluida e da excelente pesquisa de Simone. Ler este livro reacendeu em mim a vontade de ler e contar histórias, recomendo-o a todos.

Pedro e Inês, de Helena Gomes. Também fruto de um belo trabalho de pesquisa - dessa vez da história ibérica -, este livro conta de forma romanceada a história de Pedro (Pedro I de Portugal) e sua amada Inês de Castro. Cenário, personagens e narrativa são muito bem construídos e a edição ilustrada é primorosa. Vale a pena.

Territórios invisíveis, de Nikelen Witter. Uma excelente fantasia brasileira, conta a história de um grupo de jovens que se envolvem com uma sociedade secreta e são levados a Yvymarã, uma terra alternativa, habitada por estranhas criaturas e onde sua determinação será posta à prova. Aguardo o próximo volume da saga!

Uma Ilha no oceano, de Annika Thor. Creio ser este o único da lista que não tem um “pezinho na fantasia”. Conta a história de Steffi e Nelli, duas irmãs judias que, durante a II Guerra, são enviadas para viver numa cidade pesqueira da Suécia. Os problemas de adaptação adquirem um peso extra quando elas pensam se voltarão a ver sua família, mas apesar desse pano de fundo a narrativa jamais se torna pesada ou piegas. Muito bom.

Caminhos de sangue, de Moira Young. Finalmente um livro pós-catástrofe (o único da lista). Sua protagonista, Saba, vive num lugar inóspito e isolado com o pai, a irmãzinha e o irmão gêmeo a quem idolatra. Quando o jovem é raptado, ela empreende uma jornada para reencontrá-lo, deparando-se com situações insólitas e personagens mais ainda.

O Atlas esmeralda, de John Stephens. Primeiro volume da trilogia “Os livros do princípio” – este era um atlas, o segundo é uma crônica e sua história está em “A Crônica do fogo”. Apesar de uma premissa um pouco batida – órfãos que fazem parte de uma profecia – a obra segue um roteiro interessante, traz boas surpresas e uma narrativa muito bem trabalhada.  Gostei.

Floresta sombria, de Matt Haig. Samuel e sua irmãzinha Martha perdem os pais num acidente de carro e vão viver na Noruega com sua simpática e amorosa Tia Eda. A casa fica à beira de uma floresta onde o marido de Eda desapareceu há muitos anos, e onde as crianças acabam por se aventurar, o que as fará ter estranhos encontros e revelações. O desfecho é um pouco corrido, mas a narrativa é excelente.

Guia do herói para salvar o seu reino, de Christopher Healy. Uma história humorística baseada em contos de fadas, focando quatro príncipes conhecidos coletivamente como “Encantado” e que na verdade têm personalidades bem diferentes: o grosseirão Gustavo, Frederico, delicado ao ponto da frescura, Liam, o único que pode ser chamado de herói e Duncan, que é... bom, um sujeitinho estranho. Quando seus romances com as princesas não dão certo eles formam a Liga dos Príncipes, destinada a limpar seus nomes e a salvar cinco reinos ameaçados por uma feiticeira. Super bem escrito e divertido, recomendo muito, para todas as idades..

O Livro selvagem, de Juan Villoro. O adolescente Juan se hospeda na casa de seu tio Tito, que vive praticamente afundado em livros, com a companhia apenas de três gatos e de sua cozinheira. Juntos eles tentarão descobrir uma obra singular: “O livro selvagem”, que resiste à leitura e que revelará muitos segredos ao ser encontrado. A narrativa do autor mexicano é bem legal, a história também, mas o melhor são as reflexões que vão sendo feitas sobre a relação entre os livros e os leitores.

Kate somente, de Erin Bow. Meu favorito para o fim... Kate vive numa cidade da Europa Central e é a filha e aprendiz de um entalhador. Precisando de dinheiro para se alimentar e a seu gato Braque – o melhor personagem do livro – ela faz um pacto com um estranho bruxo cigano, daí resultando uma jornada marcada por perigos, magia e pelo enfrentamento de situações de ódio e preconceito. Não é para os muito novinhos nem para os impressionáveis; diria que é ótimo para os futuros leitores da saga de Geralt de Rívia.

... 

Bom, essas foram as minhas dicas - dicas de uma leitora não tão jovem, mas eclética, mãe de uma adolescente e cujos textos, muitas vezes, se destinam a um público mais novo. Espero que vocês curtam e compartilhem.

Tenham um ótimo Natal - e até a próxima!

quinta-feira, dezembro 19, 2013

Solstício : um conto de Natal


Meu pai tinha por hábito escrever contos de Natal. Fez isso durante vários anos até 2009, vindo a falecer em outubro do ano seguinte.

Meu pai era profundamente cristão. Cristão de verdade, portanto respeitava as demais religiões.

É lembrando-me dele, com muita saudade e carinho ainda maior, que partilho com vocês este pequeno conto ecumênico.



quinta-feira, dezembro 12, 2013

Top 10 2013: livros de ficção para adultos



Oi, Pessoas, tudo bem?

Como já é tradição aqui na Estante Mágica, venho compartilhar com vocês os títulos que mais me agradaram ao longo de 2013. Não são resenhas, apenas indicações; não se trata necessariamente de lançamentos (um dos livros é até bastante antigo); por fim, não se trata de “livros que eu, como escritora, considero bons/bem escritos/inovadores”, mas sim das leituras que mais me deram prazer, escolhidas de forma inteiramente pessoal.

Como sempre, as categorias mudam de um ano para o outro. Desta vez, levando em conta a quantidade e o tipo de leituras, decidi indicar 10 livros de ficção para adultos e 10 juvenis. Quase todos os juvenis são de fantasia, mas entre os adultos eles são minoria (sim, li muita fantasia adulta este ano, mas boa parte dela foi em antologias, e estas ficaram de fora, assim como as HQs).

Então, sobraram os romances. Com base na porcentagem de nacionais que li – cerca de 30% do total -, decidi que cada categoria teria três brasileiros e sete estrangeiros. Listo-os aqui, mas não em ordem não é de preferência e sim naquela em que fui me lembrando dos títulos. Aqui vai a leva de ficção para adultos:

O homem do sambaqui, de Stella Carr. Quem me conhece sabe que eu adoro ficção pré-histórica. Por isso, corri à Estante Virtual e comprei este livro, publicado em 1975, assim que li a resenha (contém spoiler!) do Roberto de Sousa Causo no Terra Magazine. Com base em muita pesquisa, o romance reconstrói o que seria a vida do povo que nos legou os sambaquis, no litoral catarinense. A linguagem se aproxima um pouco da do primeiro conto de "A voz do fogo", de Alan Moore, mas achei ainda mais legal – um must para quem curte o gênero.

Deuses esquecidos, de Eduardo Massami Kasse. Segundo livro da série "Tempos de sangue", conta a história de Alessio, um camponês da Itália medieval que é vítima de uma maldição. Ao contrário de Harold, do primeiro livro, ele é cristão, e sua própria moral o atormenta, ainda mais do que a perseguição de um padre decidido a acabar com o Mal instalado no corpo do pobre homem. Uma fantasia medieval bem pesquisada, com narrativa fluida, momentos de tensão e de humor inseridos nas horas certas. 

Santa Sofia, de Ângela Abreu. Um livro que pouca gente conhece, mas que achei excelente. Ambientado nas Minas Gerais do século XIX, começa com o falecimento de Sofia, rica (e feiosa) matriarca casada com o bem-apanhado (e pobre de nascimento) Paulo Bento; à medida que transcorrem o velório e o funeral, a história do casal e a complexa personalidade de Sofia vão-se revelando através da a superposição dos pontos de vista dos demais personagens. Para reler, reler e não se cansar.

Quarto, de Emma Donoghue. Todo o livro é narrado por um menino de cinco anos de idade: Jack, filho de uma jovem sequestrada por um homem que ela chama de “Velho Nick” e que a mantém em cativeiro, assim como ao filho de ambos. Jack acredita que nada existe além do quarto em que vivem; assim, consegue ser feliz e se desenvolver com a ajuda de sua mãe, uma mulher admirável. Depois... bom, nada de spoiler. Só digo que o livro me prendeu o tempo todo, que teve o grande mérito de fazer de Jack uma criança verossímil e que chorei no meio, porém não no fim. Fica a dica.

Tempo é dinheiro, de Lionel Shriver. Este ano eu li quatro romances da autora, gostei de todos, mas este para mim foi o melhor. Melhor até que o mais famoso, "Precisamos falar sobre o Kevin". Conta a história de Shep, que vê arruinados seus planos para o futuro ao descobrir o câncer da esposa realista e sarcástica (que passará a sê-lo ainda mais a partir daí). O relacionamento entre os dois se entrelaça com o de seus melhores amigos, pais de uma adolescente que tem uma doença genética e se recusa a passar por “anjinho sofredor”. Um livro cru, realista, tipo tapa na cara, mas que não deixa de ter seu humor e leveza. Gostei muito mesmo.

O filho de mil homens, de Valter Hugo Mãe. Que gênero é esse? Realismo mágico? Diria que sim, mas isso não importa. Importa que adorei ler a história, narrada de forma poética e sensível, dos habitantes de uma aldeia portuguesa cujas vidas se encontram e se interpenetram formando uma delicada tapeçaria.

Ragnarok, de A. S. Byatt. Fascinada desde a infância por mitos nórdicos – tema que também adoro -, a autora faz aqui uma interpretação que se mescla com sua própria biografia, revelando uma riquíssima bagagem cultural e criando parágrafos de sonho. Lembrou um pouco "Ka", de Roberto Calasso, mas o texto é escrito de forma bem mais fluida e, para mim, mais agradável. Recomendo, não apenas para quem conhece o tema.

Cloud atlas, de David Mitchell. Já fiz uma apreciação do filme, no qual as histórias vão sendo contadas como numa espécie de mosaico. No livro elas parecem ser uma caixa dentro de outra, dentro de outra e assim por diante; as histórias de seis pessoas diferentes, em vários momentos (do passado a um futuro mais ou menos distante), que vão deixando legados umas para as outras. O grande tema é a liberdade; o livro no original não é fácil de ler (eu pelo menos não achei), mas é uma jornada que definitivamente vale a pena.

A casa do califa, de Tahir Shah. O escritor anglo-afegão conta como foi se mudar com a família para uma casa principesca em Casablanca, conviver com os caseiros e os vizinhos (um gângster e os moradores de uma favela), lidar com a burocracia, com os operários e com... os djinns que infestavam a nova casa. Sim, djinns, e não eram dos que concedem desejos, mas sim os que atrapalham a vida, as obras e tudo o mais. Embora não apareçam ao vivo e a cores no livro, tudo que acontece de estranho lhes é atribuído e todos acreditam em sua existência, pois afinal são citados no Corão. E tornam este livro muito mais divertido.

Sangue dos elfos, de Andrej Sapkowski. Terceiro volume da saga do bruxo Geralt de Rívia, que já citei no ano passado. Este, para mim, é o melhor até agora. Continuamos a acompanhar a história do bruxo, de sua protegida, a menina Ciri, da feiticeira Yennefer, do menestrel Jaskier, dos anões... Enfim, de uma série de personagens deliciosos num cenário complexo, cheio de aventura, intrigas políticas e tudo que um amante de fantasia pode querer. Elfos também, é claro :)
...

Bom, esses foram o romances adultos que mais me prenderam e inspiraram ao longo do ano. Vocês conhecem algum? O que me recomendariam e aos leitores do blog?


Comentem aqui. Ampliemos o círculo!


Imagem retirada deste blog.

quinta-feira, dezembro 05, 2013

Sonetos e Limeriques : Lançamentos no Rio


A primeira vez que eu pus o dedão do pé numa cachoeira, ele estava lá. Era com ele que eu estava acampando quando conheci meu marido. Agora, anos depois, ainda falamos sobre nossas vidas, nossos filhos e nossos sonhos.

Pois esse moço, Evandro von Sydow Domingues, professor da área de Letras como meus pais, irá lançar aqui no Rio dois livros de poemas: "Sonetos para Pampinea" e "Limeriques para o Dante". Dante é o filho do Evandro, e deixo a seu pai, poeta que é, o prazer de apresentá-lo.


Assim como, creio, o filme de animação australiano Mary & Max foi o primeiro a “tematizar” diretamente a Síndrome de Asperger, digo, com alguma pretensão, que o despretensioso livrinho de poemas Limeriques para o Dante é o primeiro livro de poesias para crianças e adultos escrito no Ingá que “tematiza” a síndrome de West.

O livro é, de certo modo, uma biografia nada ortodoxa e sobretudo não autorizada do Dante.

Dante é um lindo que em 19/12/2013 completa 5 anos. Aos 4 meses de idade, foi diagnosticado com síndrome de West. Hoje acho que o que ele tem é autismo mesmo, decorrente da SW.

O dia com uma criança com SW tem lá seus momentos de pânico, mas conviver com o Dante é uma alegria maior do que eu esperava poder sentir. Produz perplexidades, canseiras, sorrisos, amor infinito. E, de quebra, limeriques.

O lançamento de Limeriques para o Dante será na Livraria Al-Farabi no dia 10 de dezembro, das 18 às 22 horas. Outro livro estará sendo lançado, o Sonetos para Pampinea.


...

Então é isso, pessoal. A Livraria Al-Farabi fica na Rua do Rosário, 30 - aqui pertinho, no centro do Rio. Eu estarei lá prestigiando meu amigo, e todos vocês estão convidados a bater um papo com a gente. Apareçam... e agreguem! :)

Dante e Evandro retratados por Beto Pimentel.

quarta-feira, dezembro 04, 2013

O Brilho das Pequenas Coisas


Essa eu tenho que contar.

Como acontece pelo menos uma vez por semana, fui ao correio, aqui na Cinelândia, para postar livros pelo registro módico. A agência estava quase vazia, mas um segundo antes de mim chegou um rapaz bem novinho, de brinco na orelha, com uma caixa repleta de cartas que estendeu para o senhor no guichê.

- São 145 cartas simples, tentei arrumar o melhor possível pelos lugares de destino - disse ele, e em seguida perguntou se isso facilitava as coisas para o funcionário. Este foi categórico - claro que ajuda! - e começou a destrinchar as cartas, mas ao mesmo tempo me reconheceu como a frequente postadora de livros e perguntou se eu ia precisar de caixas. Sim, eu precisava. O senhor, então, pediu a uma colega que me ajudasse, o que no meu caso significa ouvir ponderações sobre o tamanho da caixa, escolher uma - hoje, aliás, tiveram de ser duas - dobrá-las, porque nunca consigo saber qual o A que junta com o B, e me lembrar pela milésima vez de que eu tenho de escrever que a caixa contém impressos e pode ser aberta pela ECT. Tudo com a maior paciência, simpatia e o direito a um "Tenha um bom dia!" pronunciado por todos os presentes quando saí.

Na porta da agência, uma moça de saia longa olhava para todos os lados como se estivesse indecisa. Perguntei se ela precisava de ajuda e aceitou com alívio: já tinha andado um bocado e não conseguia achar a Avenida Rio Branco. Pior senso de direção que o meu não existe, mas trabalho por aqui há 17 anos, então já aprendi onde fica a Rio Branco e pude mostrar direitinho a esquina onde ela devia atravessar. A moça agradeceu, cada uma foi para um lado, depois de atravessar na minha própria esquina virei para trás a fim de ver se ela estava na calçada certa.

Mas não estava. Porque no lugar onde já deveria ter atravessado havia uma senhorinha de aspecto humilde, segurando uma bengala. A moça tinha parado ali, esperava para ajudá-la a chegar do outro lado, o que fez assim que o sinal tornou a fechar.

Pois é. Talvez vocês me considerem piegas, ou achem que não é para tanto. Mas é nas pequenas coisas que eu percebo como as pessoas podem ser legais sem esperar nada em troca. E como cada elo dessa Corrente do Bem - ainda que descontínua, ainda que frágil - deixa nossos dias mais brilhantes.

...

Post ilustrado com imagem que encontrei em vários blogs. Se alguém souber a quem pertence, avise para eu conceder os créditos.