terça-feira, agosto 15, 2006

Saga : um poema da adolescência

Oi, Pessoas! Tudo bem?

Pois é, foi mais uma longa ausência. Mas eu aproveitei bem o tempo. Finalmente, na terceira tentativa, acabei de ler Grande Sertão: Veredas, além de outras obras menos conhecidas, mas excelentes, que já entraram para a lista do "Top 20 2006". Também acabei finalmente de escrever o capítulo 30 de Um Ano e um Dia, que exigiu bastante, por ser o do clímax, e agora estou finalizando o livro e fazendo pesquisas para o próximo. Isso porque, como vocês sabem, o fato de escrever Fantasia não nos libera da necessidade de conferir coerência e verossimilhança ao texto literário. Pelo contrário! É preciso ler, pesquisar, tomar conhecimento daquilo que de fato existe (ou existiu) para construir um universo ficcional que seja plausível. Li muito sobre piratas para escrever esse segundo livro da trilogia, e para o terceiro estou lendo sobre exércitos da Antigüidade e da Idade Média, já que boa parte da obra se passa numa cidade de vocação militar. Estou me baseando em instituições de Roma e de Esparta para descrever a organização social e política da minha Scyllix. Se no fim o livro não ficar bom... pelo menos terei aprendido um pouco mais sobre História. :)

Mas este post não é para falar sobre isso. Ao menos não diretamente. Eu já tinha comentado aqui que pretendia usar alguns de meus poemas, escritos na adolescência, nos livros da trilogia do Castelo das Águias. Por estes dias, estive relendo meus velhos cadernos e escolhendo aquele que poderia atribuir ao protagonista, Kieran de Scyllix. Ele os teria escrito por volta dos 15, 16 anos - a mesma idade que eu tinha ao "cometer" o poema -, quando era aprendiz de Mael, um mago a serviço do exército da cidade. Fiquei indecisa entre três textos e acabei por me decidir - mais ou menos - por um, que deixo aqui como amostra da minha produção adolescente. É meio mal-ajambrado, e, talvez, desnecessariamente dramático. Mas serve exatamente para o que eu quero no contexto do livro.

.......

Saga

Se são muitos os homens
São muitos os deuses.
E, perdido entre as sombras dos astros,
Encapuzado, tresnoitado, pálido,
Eu busco a cada noite, entre labirintos,
O caminho que me torne um mago,
O caminho que me torne sábio,
O caminho que me torne livre.
Com o vento em minhas vestes
E um archote desafiando as estrelas
Eu firo minhas mãos escalando montanhas,
Curvo meus ombros penetrando cavernas,
Caio de fadiga palmilhando estradas.
São muitos os caminhos e uma só chegada,
E mil talismãs para abrir cada porta,
E mil profecias em torno de um só nome.
E quantas lendas haverá um dia
Contadas em redor do fogo?
E quantas falarão de mim?
São muitas as sagas
E muitos os heróis,
E eu sou apenas um dos que procuram.
Um andarilho, solitário entre aldeias,
Viajante sem estrada,
Nômade sem pouso.
Pois são muitos os mestres
E muitos os discípulos,
E eu sou apenas um homem.
Um homem em busca de um mistério
Que se deixe revelar.


.......

E aí? Não é tão ruim assim, é?

Gostaria que vocês me dissessem que tipo de pessoa parece ser aquela que escreve um poema assim. Na época já não era eu: ele foi escrito pensando num outro personagem, de uma história que acabei por não desenvolver até o final. Uma das minhas muitas personas, num exercício anterior à maturidade, que agora volta "repaginada" nessa trilogia.

Aguardo sua opinião. Obrigada desde já!

Abraços a todos,

Ana Lúcia