quarta-feira, dezembro 31, 2014

Até o Ano Que Vem!

Pessoas Queridas,

Pensei muito no que escrever para me despedir e agradecer por mais este ano, mas acho que as palavras às quais eu tinha direito em 2014 se esgotaram com as histórias. Então, deixarei que as imagens falem por mim.




Estou muito feliz por vocês terem navegado comigo nas águas geladas e visitado a Ilha dos Ossos com a Anna, o Kieran e o Thorold. Espero que continuem a acompanhar as histórias e as novidades de Athelgard. Uma dica: passem sempre lá no blog do Castelo para ver o que há de novo!



Agradeço também ao pessoal que leu meus artigos aqui, os do Leitor Cabuloso e, claro, as postagens em redes sociais. Lamento ter escrito tão pouco este ano e espero compartilhar muito mais no ano que vem. Enquanto isso, dê uma olhadinha no Wattpad e nos arquivos da Estante Mágica, tem muita coisa para ler!



E, no ano que vem, espero trazer muitas novidades. A grande maioria vem de Athelgard, outras vêm deste universo mesmo, mas quase sempre de longe, no espaço e no tempo. Vai ter piratas (um deles viaja num navio como esse aí de cima!), lobisomens, ninjas honrados, animais falantes, uma jornada ao mundo dos espíritos e outra, delirante, num tapete voador. Vai ser muito, muito legal... e quero que vocês estejam lá comigo, para ver, ler e sonhar!

Um grande abraço e até o ano que vem!!


sexta-feira, dezembro 26, 2014

6 Livros Nacionais : Favoritos de 2014

Olá, Pessoas Queridas!

Ano quase no fim, venho compartilhar os títulos nacionais que mais me agradaram este ano. Ficaram de fora contos soltos, coletâneas de mais de um autor e HQs, bem como livros de pegada mais juvenil, que tiveram um post próprio.

Era para ser um Top 5, mas, pesando tudo cuidadosamente, não tive como tirar um título desta lista sem sentir que estava cometendo uma injustiça. Por outro lado, embora tenha curtido outros livros nacionais, os quatro que eu poderia indicar para fazer um "Top 10" ficariam muito aquém destes seis - e, ora, quem disse que todas as listas têm de ser de 10 ou de 5 itens?

´Bora então, por ordem alfabética de título:


Danação, de Marcus Achiles

Uma conhecida criatura do folclore brasileiro ganha vida neste romance histórico que se passa no século XVIII, no interior de São Paulo, O cenário é bem pesquisado, os personagens são muito bem construídos e o ritmo tem poucas quebras. Achiles capricha nas cenas de horror - quem gosta do gênero não deve perder este. Só existe em e-book, até onde sei.




Dias Perfeitos, de Raphael Montes

Que fique claro: eu não gostei da forma como o livro terminou. No entanto, ela foi bem coerente com as atitudes do protagonista, um estudante psicopata; os diálogos são precisos e perfeitos e a narrativa é daquelas que você não consegue largar. Recomendo para os fortes.



Exorcismos, Amores e uma Dose de Blues, de Eric Novello

Sonho, projeção e realidade se misturam na odisseia de um mago urbano em busca da resolução de um crime e do reencontro consigo mesmo. É um livro muito bem escrito, cheio de referências e de nuances que fazem toda a diferença na trama. Sugiro saborear em pequenas doses, com pausas para refletir e assimilar.



Guerras Eternas, de Eduardo Massami Kasse

Harold, o imortal fanfarrão de O Andarilho das Sombras, e Alessio, o cristão atormentado de Os Deuses Esquecidos, se encontram nesse terceiro livro da série Tempos de Sangue. Enquanto tentam se entender, enfrentam, com outros companheiros, a guerra movida pelo arcebispo de Canterbury e pelos nobres locais, dispostos a varrê-los da face da terra. Um livro vigoroso e empolgante.



Homens e Monstros, de Flávio Medeiros Jr.

Numa realidade histórica alternativa, de contornos steampunk, franceses e britânicos (com seus aliados, os astecas) combatem pela hegemonia. Por esse cenário desfilam Jules Verne, H. G. Wells, cada qual ocupando a posição de ministro da ciência de seu país, e algumas de suas criações literárias, como o Dr. Jekyll, Mr. Hyde, o Capitão Nemo. Ou seriam todos impostores, oportunistas, espiões da potência inimiga? Só lendo para descobrir!



As Mil Mortes de César, de Max Mallmann

Tremei, legiões! Desiderius Dolens, o Carniceiro de Bona, está de volta, com todo o seu humor sombrio, seu grande apetite e sua disposição para a briga. É um livro bem escrito e pesquisado, cheio de "Easter Eggs" e uma boa continuação para O Centésimo em Roma. O problema é que me deixou com muita vontade de ler o próximo! :)

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Bom, pessoal, estas são minhas recomendações. Imagino que já conheçam alguns desses livros, mas, se não, vale a pena conferi-los.

E vocês, que livros nacionais sugerem? Aguardo suas dicas!

Até breve, e um bom final de ano!

sexta-feira, dezembro 19, 2014

Linha de Montagem: um Conto Natalino





Blixi trabalha na posição central da esteira. Pelas janelas da Fábrica é quase impossível entrar um raio de sol, a não ser no verão, quando ele brilha pálido no céu durante longas horas. A maior parte do pessoal não gosta e prefere que se fechem as janelas, deixando a iluminação a cargo dos globos de cristalneve; é como se o inverno durasse o ano inteiro. Ou talvez o outono, a época de maior demanda, quando o Patrono pede um esforço extra a fim de aumentar a produção. Na prática, isso significa trabalhar dobrado. E como a pausa entre os turnos, quando podem sair um pouco, nunca é ao meio-dia, eles ficam vários meses sem ver a luz do sol.
Blixi é um bom operário, mas o Chefe da Oficina o vigia de perto e às vezes o repreende por se distrair. Isso vem acontecendo com mais frequência nos últimos anos, sem que haja uma razão: o ambiente não oferece novidades, muito menos o trabalho, executado com gestos medidos e perfeitos, Juntar duas peças, pregar, encaixar ou colar, passar ao próximo na esteira; juntar mais duas peças, pregar e assim por diante. Não é um trabalho ruim – a ideia nem passaria pela cabeça deles – mas Blixi está ali há tanto tempo, suas mãos tão habituadas a repetir aqueles movimentos que, mesmo sem querer, seu olhar se desprende da esteira, passeando pela oficina como se estivesse em busca de algo. O quê?, pergunta o Chefe, mais ríspido e irritado a cada vez. Mas a resposta de Blixi é baixar a cabeça e voltar ao trabalho.
Ou pelo menos foi assim até hoje.
É o dia que costumam chamar de Véspera, um dia frenético e atarefado na Fábrica, pois antecede aquele em que se escoa a produção de um ano inteiro. Blixi está em seu posto e maneja um pincel, que mergulha na cola a fim de unir duas partes de uma casinha de brinquedo. Como de costume, todos trabalham sem erguer os olhos, a não ser o Chefe da Oficina, que vai de lá para cá fiscalizando produtos e operários. Suas botas fazem um ruído constante, com um ritmo tão cadenciado quanto o de um relógio; está ali desde o início do turno, incorporado aos outros sons da Fábrica, e, por isso mesmo, chama a atenção de Blixi ao se deter inesperadamente. Ele tenta resistir, concentra-se na seqüência de movimentos diante da esteira, mas o impulso cresce, avolumando-se dentro dele até se tornar mais forte que a vontade. Então, Blixi olha.
O Chefe da Oficina está de pé, lendo um papel que acaba de descer pelo tubogelo. Isso não teria roubado mais que um instante da atenção de Blixi , não fosse por um detalhe: o Chefe precisou de luz para enxergar o memorando, e em vez de usar um globoneve abriu uma janela. E por acaso – só pode ter sido o acaso – ele o fez durante a única hora de sol deste dia de inverno.
Uma estreita faixa de claridade se insinua na oficina, invade os olhos de Blixi, cegando-o para qualquer coisa que não seja essa luz. A esteira continua a rolar, as partes das casinhas passando à sua frente sem que sequer as veja. O operário que o sucede na linha de montagem tenta cobrir a falha, logo ajudado pelo colega seguinte, mas, com sua própria série de movimentos a executar, não demoram a se ver atrapalhados. Sem saber o que fazer, um deles chama Blixi em voz alta, com isso conseguindo trazê-lo de volta a seu posto; mas o grito atrai a atenção do Chefe da Oficina, cujos olhos lampejam ao ver as peças acumuladas na esteira. Ele se volta para Blixi com a pergunta de sempre, mais furiosa que nunca, na ponta da língua – pergunta que, no entanto, morre em sua boca ao perceber que é inútil. Pois pela primeira vez, embora como sempre tenha voltado ao trabalho, a expressão de Blixi deixa claro que ele tem uma resposta.
O procedimento-padrão nesses casos é um só, e o Chefe não teria chegado onde chegou se não cumprisse as regras. Sem nada dizer, ele vira as folhas em sua prancheta até achar o nome de Blixi e escreve o código correspondente, informação que, no fim do turno, será enviada para o pessoal do escritório. Eles vão se encarregar do caso, talvez em um ou dois dias; não é provável que o façam durante a confusão da Véspera, embora, quem sabe? Entre todas as noites do ano, é justamente nesta que tudo pode acontecer.
E de fato acontece. E muito antes do que o Chefe esperava: no meio do turno seguinte, quando uma ordem expedida pelo tubogelo encaminha Blixi ao setor de empacotamento. É uma sala gigantesca, localizada no último andar da Fábrica. Para surpresa de Blixi, lembra muito a oficina, com as mesmas esteiras rolantes onde trabalham centenas de operários. A diferença é que, em vez de montar brinquedos, aqui a série de movimentos serve para embrulhá-los, alguns dentro de caixas, outros em sacos de pano ou de papel colorido. O operário na última posição de cada esteira enfeita o pacote com um laço, e o volume cai por um tubo em algum lugar situado nos andares inferiores. Todas as esteiras, aliás - e são muitas - terminam nesse mesmo tubo, de forma que os pacotes devem estar se acumulando bem rápido lá embaixo.
Blixi está pensando no tamanho da pilha quando o Supervisor de aproxima dele. Ao contrário do Chefe da Oficina, sua expressão não é de impaciência; a voz é monótona, mas suave, e sua cadência leva Blixi a relaxar e a concordar com tudo que é dito. Sim, ele sabe que a Fábrica tem regras e admite que as infringiu várias vezes, nos últimos anos, quando deixou de prestar atenção à esteira. Também está ciente de que a infração de hoje foi mais grave, não só por ter causado uma falha na produção, mas porque – e nesse ponto a voz do Supervisor ganha um tom mais íntimo – com sua atitude, Blixi mostrou estar descontente, e isso contraria a orientação do Patrono quanto aos operários.
Eles não podem trabalhar na Fábrica se não forem felizes.
A imagem do Patrono, até então adormecida em sua moldura na parede, ganha súbita vida à menção do seu nome. Ela cresce diante dos olhos de Blixi; é quase como se o Patrono estivesse ali em pessoa, as longas barbas brancas e as faces que parecem maçãs. Ele sorri, seus olhos transbordando de confiança e bondade, e Blixi se deixa envolver por elas como por uma nuvem. Agora sim, tudo vai dar certo, é o que ele sente, inspirado pela visão. Agora você está pronto para dar sua última contribuição à Fábrica.
Ele segue as próximas instruções sem hesitar, caminhando até a borda do círculo aberto no chão, onde a cada segundo as esteiras despejam presentes. O Supervisor cola um laço em seu avental enquanto o Patrono continua a sorrir: aí está o pequeno Blixi, foi um bom operário, agora servirá à Fábrica em seu maior propósito. Ele põe as mãos na cintura e estufa o peito, cheio de orgulho – e é exatamente ali que, no momento seguinte, os olhos cândidos e azulados do Patrono o atingem com um raio.
A queda é imediata, e a rigidez que atinge seus membros é tão rápida que ele não chega a se debater. Também seu grito some na garganta após os primeiros metros. Some para sempre, ele sabe, como sabe o que vai acontecer a seguir. É um dos efeitos do choque: ele desfaz as ilusões, revela de uma só vez a verdade sobre os que não se adaptam à Fábrica. Blixi não tem dúvidas sobre o que o espera nas próximas horas. Enrijecido, reduzido a talvez um quarto do tamanho, seu corpo irá cair sobre uma esteira, quilômetros abaixo, em meio aos outros pacotes destinados a carregar o trenó. Sua consciência vai durar ainda algum tempo, suficiente para que perceba a partida do veículo e quem sabe – se a posição entre os brinquedos lhe permitir – sentir o toque do vento pela última vez.
E talvez haja estrelas. Ele pensa no seu brilho, o cintilar como cristais de gelo, e se recorda de como o espantou saber que os mortais lhes fazem pedidos. Então, de repente, lembra que para os humanos a Véspera é a noite em que todos os desejos se realizam; e embora não seja um deles, embora não chegue a crer de fato nas estrelas, antes que tudo se apague Blixi ainda tem tempo de formular o seu primeiro e último desejo.
Ficar no fundo do trenó, entre os brinquedos destinados ao outro lado do mundo.
E lá chegando, ser entregue a uma criança que brinque o ano inteiro sob a luz do sol.


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Ilustração feita pelo talentoso  Rafael Narchi na ocasião em que este conto foi publicado pelo blog Quotidianos.

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Esta foi uma pausa entre as indicações de leitura, que ainda virão antes que o ano termine. Por ora... Boas Festas, bom descanso, muita paz e luz pra vocês!!
E não levem este conto muito a sério, ele se passa numa realidade alternativa. Acreditem, Papai Noel é legal e os duendes são felizes. ;)

terça-feira, dezembro 16, 2014

Favoritos de 2014: 10 Livros Estrangeiros (quase sem LitFan)


Olá, brava gente!

Continuo a fazer as minhas recomendações com base nos livros que li ao longo deste ano. A lista agora é de livros estrangeiros, pois os nacionais virão na próxima. 

Além de usar esse filtro, excluí os livros voltados para o público mais jovem - objeto da lista anterior - e também as coletâneas de vários escritores. Isso talvez explique, em parte, o fato de poucas obras aqui poderem ser classificadas como Literatura Fantástica, já que muitas das minhas leituras no gênero são de antologias e contos isolados. Agora ainda mais, que compro e-books direto. 

Seja como for, da centena e meia de livros lidos em 2014, aqui estão mais dez que me assustaram, me encucaram, me emocionaram... Enfim, me encantaram por alguma razão. Vamos a eles?


 Aguapés, de Jhumpa Lahiri

Subhash e Udayan são irmãos, mas seu posicionamento diante da vida e especialmente da situação política da Índia acaba por separar seus caminhos. A morte de um deles leva o outro a assumir, repentinamente, uma parte importante das responsabilidades do irmão, daí se desenrolando um sensível drama familiar. Da mesma autora de outros dois ótimos livros: "O Xará" e "Intérprete de Males",


Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie

Outra obra de uma autora que eu já admirava. Através da história de Ifemelu, que deixa a confusão política da Nigéria na década de 1990 e vai tentar a vida no exterior, aqui se trata de questões como a imigração, os problemas de gênero, o preconceito racial... e tudo isso junto, pois, como coloca o blog da personagem, uma coisa é ser um negro americano e outra bem diferente é ser um negro, africano ou antilhano, morando nos Estados Unidos. Um livro provocante e muito bem escrito.


O Aprendiz de Assassino, de Robin Hobb

Um livro muito interessante de fantasia medieval, em que o protagonista, filho bastardo de um príncipe e dotado de um poder especial, é convertido em aprendiz do assassino e espião real. O livro o acompanha desde a infância até o final da adolescência. Achei tanto o universo quanto o personagem bem construídos, e a narrativa é muito boa, tanto que em alguns momentos cheguei a sofrer junto com Fitz. Quem já leu os próximos livros disse que o sofrimento aumentará ainda mais. Isso, porém, não me fará abandonar a saga, nem o fato levemente irritante de os personagens terem nomes que procuram refletir suas qualidades, como o Príncipe Majestoso, o Rei Sagaz e a Dama Paciência. 


Assim na Terra, de Davide Enia

Vocês podem se perguntar por que comprei um livro sobre um boxeador siciliano. O fato é que a história das lutas e amores do jovem Davidù. entrelaçadas às memórias de seu tio-avô - também boxeador - e às do avô Rosario, que lutou e sofreu na África durante a guerra, me prendeu pela sensibilidade e pela maestria da narrativa. Depois que comecei, não consegui parar. Muito bom mesmo.


A Casa Redonda, de Louise Erdrich

Joe é filho de um juiz tribal e vive numa reserva da tribo Dakota. Seu mundo é sacudido quando sua mãe é vítima de estupro e o menino parte em busca de pistas ao lado de seus amigos, ao mesmo tempo que passa por várias experiências e dilemas morais. Livros sobre nativos americanos sempre me interessaram, mas, apesar de haver de fato alguma coisa sobre os costumes da tribo, históricos e atuais, o forte da obra é mesmo a construção de Joe e dos personagens secundários.


A Invenção das Asas, de Sue Monk Kidd

Um maravilhoso romance histórico baseado na vida da abolicionista americana Sarah Grimké, narrado sob dois pontos de vista: o dela própria e o de sua escrava, esta uma personagem fictícia, chamada Hetty Encrenca. As histórias de ambas se entrelaçam, compondo um panorama da sociedade americana e das lutas pela causa da abolição ao longo de 30 anos.



O Macaco e a Essência, de Aldous Huxley

Shame on me: só agora descobri este livro delicioso, narrado sob a forma de um roteiro de cinema e ambientado numa América pós-catástrofe bacteriológica, onde a sociedade encontrou formas inusitadas de se reorganizar. Não deixem de conferir!


A Menina Sem Palavra, de Mia Couto

Este livro reúne contos escritos pelo autor moçambicano em várias épocas. Alguns são puro realismo mágico, outros são mais calcados no cotidiano, mas todos são obras-primas da narrativa, imbricados de poesia. O único defeito é ser curto demais. Quero mais contos do Mia!



Misery, de Stehphen King

Outro antiguinho, só agora saboreado. Gosto bastante de King, mas nenhum dos seus vampiros, fantasmas ou "coisas" inomináveis foi capaz de me causar mais angústia que a fã psicopata do pobre escritor que é personagem do livro. Quem escreve terror e horror, gore inclusive, não deve deixar de ler este. 


A Travessia de Caleb, de Geraldine Brooks

Mais um romance histórico, escrito pela autora de "As Memórias do Livro". Ambientado no século XVIII, conta a história de Bethia, filha de um pastor dedicado à conversão da tribo wampanoag ao iristianismo, e de seu amigo Caleb, que se tornou o primeiro nativo americano a se formar em Harvard. O rico trabalho de pesquisa e a boa narrativa prendem o leitor da primeira à última página.

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Bom, essas foram as minhas recomendações. Vocês conhecem algum? O que acharam? E o que me sugerem para ler no ano que vem?

Aguardo comentários. Até a próxima!

quarta-feira, dezembro 10, 2014

O Dragão de Prata



            Atravessando a rua, percebo que o nó do cordão em meu pescoço se desfez. Apalpo: o pingente que comprei no Nazgûl Com não está lá. Percorro a calçada com os olhos e não o encontro, mas logo adiante o brilho do Sol na prata me revela que caiu sobre a faixa de pedestres. E o sinal acabou de abrir.
                Fico de olho, torcendo para que nenhuma roda o atropele. Um ônibus passa e o pingente fica entre as rodas, carros passam ao lado; finalmente duas rodas de um carro e, depois, as de um ônibus rolam por cima dele. Sem piedade.
                  Espero o sinal fechar e vou buscar o pingente, resignada a tê-lo de volta amassado e com a argolinha quebrada. No entanto, surpresa: está perfeito, inteirinho e brilhante. E pronto para ir à festa comigo.
                   De modo que, sendo fênix, provou sua força de dragão.

sábado, dezembro 06, 2014

Favoritos de 2014: 10 Livros para Jovens e Jovens Adultos

Oi, Pessoas! Tudo bem?

Como tenho feito há vários anos, chegou a hora de partilhar com vocês a minha lista de títulos favoritos, dentre as leituras realizadas em 2014.

Este ano eu extrapolei e devorei nada menos que 142 títulos até agora, sem contar HQs e contos comprados na Internet ou pinçados em antologias que não li na íntegra. Nada mais justo, então, que apresentar uma lista um pouco mais extensa, da qual irão constar 25 obras. E como eu tenho lido muitos juvenis e, principalmente, livros daquela categoria chamada de jovem adulto – o famoso YA – vou começar apresentando os dez que mais chamaram minha atenção, ordenados alfabeticamente por título. Vamos lá?



The Giver Quartet, de Lois Lowry

Não sei se todos sabem, mas “The Giver”, aqui traduzido como “O Doador de Memórias” e transformado em filme, tem três continuações. Em todos os livros, jovens de diferentes sociedades surgidas após algum tipo de catástrofe mundial enfrentam os limites que lhes são impostos e usam seus dons – que vão da cura e da capacidade de tecer (literalmente) quadros do futuro à simples persistência – para mudar suas próprias vidas e, quase sempre, fazer a diferença para toda a comunidade. Gostei mais do segundo e do quarto livros, mas o conjunto vale a pena, e os e-books (para quem lê inglês) estão baratos na Amazon.



Graceling, de Kristin Cashore

Num universo imaginário, algumas pessoas são dotadas de habilidades especiais. A de uma jovem de família real – lutar incansavelmente e se recuperar com facilidade de qualquer ferimento – a leva a ser usada como assassina por seu tio, um rei inescrupuloso. As coisas mudam quando ela conhece um jovem de outro reino, também grande lutador, ao lado de quem viverá uma incrível aventura. Personagens e universo bem construídos e uma excelente narrativa fazem com que este livro seja difícil de largar, o que se repete com outra obra da autora, intitulada “Fogo” – passada no mesmo universo, mas não uma continuação.



Lagoena, de Laísa Couto

O primeiro lançamento juvenil da Editora Draco traz a história de Rheita, a neta de um joalheiro falido, que descobre a metade de um mapa mágico entre as coisas do avô. Juntamente com seu amigo Kiel, ela segue a rota que vai se desenhando conforme os dois avançam pelo mundo mágico de Lagoena, habitado por criaturas fantásticas e que se encontra ameaçado por um rei-feiticeiro. Influências de Narnia, Alice e dos contos de fadas podem ser encontradas em meio às muitas peripécias de Rheita e Kiel e à prosa bem-cuidada da autora. Uma bela estreia nacional.



O Livro dos Mil Dias, de Shannon Hale

Num cenário de contornos que lembram os da Mongólia, uma jovem nobre é encerrada numa torre pelo pai, até que concorde em se casar com um temível pretendente. Dashti, a filha de nômades que é sua criada, lhe faz companhia e é quem narra esta história incrível, cheia de reviravoltas e cuja narrativa mescla perfeitamente a sensibilidade e o bom-humor. Para mim, esta obra mereceu cada um dos muitos prêmios literários recebidos.  



O Peculiar, de Stefan Bachmann

Num mundo em que os habitantes de Faerie vivem próximos aos humanos, os mestiços são escorraçados, perseguidos e mortos. Barthy, um garoto mestiço, se alia a um homem ingênuo, mas de bom coração, para desvendar o mistério do rapto e do assassinato de crianças como ele. O cenário é sombrio, de contornos góticos e um toque steampunk, o que se mistura de forma interessante com as referências ao Reino das Fadas. Aguardo a continuação.



A Pedra da História, de Simone Saueressig

Este livro fecha a série "Os Sóis da América", em que três jovens amigos atravessam todo o continente americano desde seu ponto mais meridional em busca de uma história que possa trazer de volta o Sol. O último volume se passa na América do Norte, e apresenta alguns dos seres lendários da região no desenrolar dos últimos lances da trama. Recomendo muito essa série para quem se interessa pelos mitos americanos e pela arte de contar histórias.




Sombra e Ossos, de Leigh Bardugo

Num universo fantástico que guarda muitas semelhanças com a Rússia dos Czares, os Grishas são uma elite composta por magos. Alina, a protagonista e narradora,é cooptada pelo líder, conhecido como Darkling, que pretende destruir a ameaça contida numa dimensão obscura daquele mundo.  Um livro incrivelmente bem escrito (e traduzido, também, pelo Eric Novello) que não consegui largar, e o mesmo aconteceu com sua continuação, "Sol e Tormenta". Para quem lê inglês e quer conhecer mais do trabalho de Leigh Bardugo, há novelas disponíveis na Amazon – mas o que quero mesmo é o último volume da saga, prometido para o ano que vem!



As Três Princesas Negras, de Georgette Silen

Um livro interessante, que reconta algumas das histórias dos irmãos Grimm (com ecos, é claro, nas obras de compiladores que vieram antes e até de fábulas e narrativas mitológicas). A prosa de Georgette Silen é muito hábil, de forma que mesmo aqueles que conhecem as histórias podem curtir as novas versões.



Os Treze Tesouros, de Michelle Harrisson

Outro livro merecidamente premiado. Tanya é uma adolescente britânica, assediada desde a infância por estranhas fadas que tanto a ajudam quanto a atormentam. Na floresta próxima à casa da avó, ela descobre um perturbador segredo de família que estreitará ainda mais seu contato com o mundo de Faerie. Já comprei as duas continuações – "As Treze Maldições" e "Os Treze Segredos" – e espero que continuem tão bem quanto o primeiro livro.



Wereworld, de Curtis Jobling

Na verdade esse é o nome da série, que acaba de ter o seu terceiro volume lançado no Brasil. Num mundo formado por sete reinos (sempre são sete...), um jovem descobre ser o herdeiro de um rei que tinha o poder de se transformar em um lobo e cujo trono foi usurpado por uma família de Werelions. Isso faz lembrar o universo de George R. R. Martin, mas o interessante é que os nobres dos sete reinos são todos transmorfos, e existe desde a família dos ratos até a dos tubarões e baleias. A história tem alguns clichês, mas é bem narrada e ágil. Aliás, extremamente ágil: o livro tem ação o tempo todo, e não poupa os jovens leitores de pelo menos dois dos “S” – sangue e sujeira - da fantasia medieval. ;)

Bom, pessoal, estas são minhas recomendações, deixando claro que não é minha intenção fazer qualquer juízo de valor. Em breve estarei de volta, trazendo uma lista de meus nacionais favoritos para o público adulto – uma listinha um pouco menor -, e por fim será a vez das recomendações de livros estrangeiros. Na qual, embora possa parecer estranho, poucos livros são de literatura fantástica.

Até lá – e, enquanto isso, espero comentários!