quinta-feira, dezembro 12, 2013

Top 10 2013: livros de ficção para adultos



Oi, Pessoas, tudo bem?

Como já é tradição aqui na Estante Mágica, venho compartilhar com vocês os títulos que mais me agradaram ao longo de 2013. Não são resenhas, apenas indicações; não se trata necessariamente de lançamentos (um dos livros é até bastante antigo); por fim, não se trata de “livros que eu, como escritora, considero bons/bem escritos/inovadores”, mas sim das leituras que mais me deram prazer, escolhidas de forma inteiramente pessoal.

Como sempre, as categorias mudam de um ano para o outro. Desta vez, levando em conta a quantidade e o tipo de leituras, decidi indicar 10 livros de ficção para adultos e 10 juvenis. Quase todos os juvenis são de fantasia, mas entre os adultos eles são minoria (sim, li muita fantasia adulta este ano, mas boa parte dela foi em antologias, e estas ficaram de fora, assim como as HQs).

Então, sobraram os romances. Com base na porcentagem de nacionais que li – cerca de 30% do total -, decidi que cada categoria teria três brasileiros e sete estrangeiros. Listo-os aqui, mas não em ordem não é de preferência e sim naquela em que fui me lembrando dos títulos. Aqui vai a leva de ficção para adultos:

O homem do sambaqui, de Stella Carr. Quem me conhece sabe que eu adoro ficção pré-histórica. Por isso, corri à Estante Virtual e comprei este livro, publicado em 1975, assim que li a resenha (contém spoiler!) do Roberto de Sousa Causo no Terra Magazine. Com base em muita pesquisa, o romance reconstrói o que seria a vida do povo que nos legou os sambaquis, no litoral catarinense. A linguagem se aproxima um pouco da do primeiro conto de "A voz do fogo", de Alan Moore, mas achei ainda mais legal – um must para quem curte o gênero.

Deuses esquecidos, de Eduardo Massami Kasse. Segundo livro da série "Tempos de sangue", conta a história de Alessio, um camponês da Itália medieval que é vítima de uma maldição. Ao contrário de Harold, do primeiro livro, ele é cristão, e sua própria moral o atormenta, ainda mais do que a perseguição de um padre decidido a acabar com o Mal instalado no corpo do pobre homem. Uma fantasia medieval bem pesquisada, com narrativa fluida, momentos de tensão e de humor inseridos nas horas certas. 

Santa Sofia, de Ângela Abreu. Um livro que pouca gente conhece, mas que achei excelente. Ambientado nas Minas Gerais do século XIX, começa com o falecimento de Sofia, rica (e feiosa) matriarca casada com o bem-apanhado (e pobre de nascimento) Paulo Bento; à medida que transcorrem o velório e o funeral, a história do casal e a complexa personalidade de Sofia vão-se revelando através da a superposição dos pontos de vista dos demais personagens. Para reler, reler e não se cansar.

Quarto, de Emma Donoghue. Todo o livro é narrado por um menino de cinco anos de idade: Jack, filho de uma jovem sequestrada por um homem que ela chama de “Velho Nick” e que a mantém em cativeiro, assim como ao filho de ambos. Jack acredita que nada existe além do quarto em que vivem; assim, consegue ser feliz e se desenvolver com a ajuda de sua mãe, uma mulher admirável. Depois... bom, nada de spoiler. Só digo que o livro me prendeu o tempo todo, que teve o grande mérito de fazer de Jack uma criança verossímil e que chorei no meio, porém não no fim. Fica a dica.

Tempo é dinheiro, de Lionel Shriver. Este ano eu li quatro romances da autora, gostei de todos, mas este para mim foi o melhor. Melhor até que o mais famoso, "Precisamos falar sobre o Kevin". Conta a história de Shep, que vê arruinados seus planos para o futuro ao descobrir o câncer da esposa realista e sarcástica (que passará a sê-lo ainda mais a partir daí). O relacionamento entre os dois se entrelaça com o de seus melhores amigos, pais de uma adolescente que tem uma doença genética e se recusa a passar por “anjinho sofredor”. Um livro cru, realista, tipo tapa na cara, mas que não deixa de ter seu humor e leveza. Gostei muito mesmo.

O filho de mil homens, de Valter Hugo Mãe. Que gênero é esse? Realismo mágico? Diria que sim, mas isso não importa. Importa que adorei ler a história, narrada de forma poética e sensível, dos habitantes de uma aldeia portuguesa cujas vidas se encontram e se interpenetram formando uma delicada tapeçaria.

Ragnarok, de A. S. Byatt. Fascinada desde a infância por mitos nórdicos – tema que também adoro -, a autora faz aqui uma interpretação que se mescla com sua própria biografia, revelando uma riquíssima bagagem cultural e criando parágrafos de sonho. Lembrou um pouco "Ka", de Roberto Calasso, mas o texto é escrito de forma bem mais fluida e, para mim, mais agradável. Recomendo, não apenas para quem conhece o tema.

Cloud atlas, de David Mitchell. Já fiz uma apreciação do filme, no qual as histórias vão sendo contadas como numa espécie de mosaico. No livro elas parecem ser uma caixa dentro de outra, dentro de outra e assim por diante; as histórias de seis pessoas diferentes, em vários momentos (do passado a um futuro mais ou menos distante), que vão deixando legados umas para as outras. O grande tema é a liberdade; o livro no original não é fácil de ler (eu pelo menos não achei), mas é uma jornada que definitivamente vale a pena.

A casa do califa, de Tahir Shah. O escritor anglo-afegão conta como foi se mudar com a família para uma casa principesca em Casablanca, conviver com os caseiros e os vizinhos (um gângster e os moradores de uma favela), lidar com a burocracia, com os operários e com... os djinns que infestavam a nova casa. Sim, djinns, e não eram dos que concedem desejos, mas sim os que atrapalham a vida, as obras e tudo o mais. Embora não apareçam ao vivo e a cores no livro, tudo que acontece de estranho lhes é atribuído e todos acreditam em sua existência, pois afinal são citados no Corão. E tornam este livro muito mais divertido.

Sangue dos elfos, de Andrej Sapkowski. Terceiro volume da saga do bruxo Geralt de Rívia, que já citei no ano passado. Este, para mim, é o melhor até agora. Continuamos a acompanhar a história do bruxo, de sua protegida, a menina Ciri, da feiticeira Yennefer, do menestrel Jaskier, dos anões... Enfim, de uma série de personagens deliciosos num cenário complexo, cheio de aventura, intrigas políticas e tudo que um amante de fantasia pode querer. Elfos também, é claro :)
...

Bom, esses foram o romances adultos que mais me prenderam e inspiraram ao longo do ano. Vocês conhecem algum? O que me recomendariam e aos leitores do blog?


Comentem aqui. Ampliemos o círculo!


Imagem retirada deste blog.

2 comentários:

Leticia Golz disse...

Oi Ana..
Sabe que eu não conheço nem li nenhum desses, mas me interessei pela descrição de Sangue dos elfos, parece ser uma série boa.

beijos
livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

Anônimo disse...

Oi Ana!

Desses dai, eu tenho "A Casa do Califa" -- já estive em Marrocos e é legal relembrar. Além disso, o Tahir vem de uma família de Sufis e eu estudei no grupo do tio dele. Mundo pequeno. Já o "Ragnarok" foi e voltou da minha mão algumas vezes... mas não comprei. Vou ficar de olho nos outros títulos. bjs