Pessoas Queridas,
Aqui estou de volta para o segundo post das leituras do ano. Desta vez, serão os nacionais, usando o mesmo critério: em ordem de leitura, não necessariamente de preferência. Até porque são obras muito diferentes umas das outras, que provocaram vários tipos de reações e reflexões. Mas o prazer de lê-las foi enorme em todos os casos. Vamos lá?
Guirlanda Rubra, de Erick Santos Cardoso
Como ele mesmo afirma, o livro de estreia do editor da Draco levou quinze anos para ser concluído. E valeu a pena! O Erick soube contar uma boa história dentro de um universo de fantasia diferenciado, que tende para o capa-e-espada e para a Idade Moderna mais que para o medieval e agrega várias referências de forma natural, não forçada. É também um romance de formação, mostrando a jornada e a evolução de Garlando, um herói relutante, presa de um Dom que não desejava e movido por um amor idealizado. Recomendo muito!
Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior
O vencedor do Jabuti (merecidíssimo!) foi o primeiro livro que li ao se iniciar a quarentena. A ambientação e a construção dos personagens são impecáveis, a crítica social é inserida de forma precisa, e o melhor de tudo? Itamar conta uma história envolvente, que prende você e te faz querer saber o que acontece a seguir com aquelas irmãs, com aquelas pessoas, com aquela comunidade. Quem não leu, faça a si mesmo um favor e leia, é realmente muito bom.
Ana de Corona, de Gisele Mirabai
Sabem aquela escrita que conversa com você? Aquele jeito de contar uma história que parece te envolver, aqueles personagens absolutamente críveis, aquele protagonista com quem você se identifica? Esse livro traz isso. Foi escrito no início da pandemia, quando se sabia muito menos que hoje sobre o Covid-19 e não se podia prever quando e como as coisas se resolveriam, portanto o desfecho fica na conta do hopepunk. E a gente precisa de mais obras como esta da Gisele.
Porém Bruxa, de Carol Chiovatto
Delícia de fantasia urbana que li com o pessoal do Clube de Leitura Espalhe Fantasia. Trata-se de uma investigação de crimes em São Paulo, misturando magia e... bom, e crime mesmo. A protagonista e narradora é muito bem construída, o livro traz muita diversidade e representatividade e uma trama ágil, bem encaixada no momento atual. Super vale a pena
Lágrimas de Carne, de Fernanda Castro
Não é um romance, é uma noveleta, mas não poderia deixar de estar na lista dos favoritos do ano. Partindo do folclore e das crenças do sertão brasileiro, Fernanda construiu uma mitologia toda própria, com criaturas fantásticas que são, ao mesmo tempo, absoluta e dolorosamente críveis em sua humanidade. E contou uma história de fazer sangrar o coração. Não deixem de ler, porque é maravilhoso.
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Eu esperava terminar o ano contando algumas novidades, mas acho que as postagens de 2020 vão ficar por aqui. Em janeiro, não demorarei a falar um pouco da produção do segundo semestre, em retrospectiva, e se tudo correr bem terei boas novas.
Espero que o mesmo se dê para todos nós, não apenas no campo profissional e da produção -- embora fazer boa arte importe, sempre! -- mas também em todos os outros aspectos de nossas vidas. Que venham as vacinas e o controle da pandemia, que a gente possa sair e se reencontrar, ainda que com cuidados, porém sem medo. Que vidas e dignidade sejam preservadas e que voltem os abraços.
E que todos estejamos lá para celebrar.
Até o ano que vem!
Um comentário:
Quando eu penso na minha deficiência de leitura nacional dá até vergonha. Preciso tirar uns meses — Melhor, um ano inteiro! Melhor, quem sabe nunca mais parar! — para retificar esse péssimo hábito de ler pouca ficção nacional!
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