Pessoas Queridas,
Seguindo uma tradição que já leva mais de dez anos, vou deixar algumas linhas, neste e no meu próximo post, sobre os livros que mais gostei de ler ao longo de 2021.
Como das últimas vezes, muitas das minhas leituras foram contos isolados ou publicados em revistas. Livros, não contei, mas estimo que tenham sido em torno de 80, numa proporção de um pouco mais da metade de estrangeiros de vários países. Alguns eram lançamentos (ou pelo menos eu não conhecia), outros reedições de obras de décadas atrás.
Para este post eu decidi escolher seis livros estrangeiros, sendo um deles juvenil. O mesmo farei com a postagem sobre os brasileiros. A ordem é aleatória, e o único critério é terem se destacado como livros que eu gostei de ler, me prenderam e, em alguns casos, me levaram a reflexões. Vamos lá?
Sobre os Ossos dos Mortos, de Olga Tokarczuk
Esse
livro – bom, esse livro foi meu favorito do ano. Além de uma história fascinante,
que não dá para largar, leva você a mergulhos e reflexões sobre a condição
humana, as pessoas, a natureza, a relação que temos com ela e uns com os
outros. A ambientação, nas montanhas da Polônia, e os personagens de apelidos
curiosos são tão bons que dá para literalmente vê-los, ainda que não sejam
detalhadamente descritos. Quanto à protagonista... olha, quando eu acabar de
envelhecer, acho que vou ser como ela. Menos o veganismo, que acho que não
alcanço nesta vida.
1793, de
Niklas Natt Och Dag
Um
thriller histórico dos bons, passado em Estocolmo. Tem umas partes bem cruas,
mas nada é gratuito: tudo faz parte da construção de uma história com elementos
tão fascinantes quanto perturbadores, que gira em torno da identificação de um
cadáver mutilado. Seguindo o fio da investigação, achamos vários personagens
que sofreram os mais diferentes tipos de violência e injustiça, e devo dizer,
só o fim escolhido para uma delas proporcionou um pouco de alento. Se você
estiver muito triste, guarde esta leitura para depois. Mas leia. Vale a pena.
Ponti, de
Sharlene Teo
Ambientado
em Singapura, em três diferentes momentos, o livro conta a história de Amisa,
atriz de um filme de horror nos anos 1970; de sua filha Szu, que passa por uma
adolescência difícil; e, já nos dias de hoje, de Circe, amiga de Szu, cujas
memórias da mãe, da filha e da misteriosa senhora que vive com elas a faz
reviver momentos e emoções intensas. “Ponti”, título do filme de horror, vem de
Pontianak, uma criatura do folclore malaio semelhante a um súcubo ou vampiro
feminino, e dá para sentir essa vibração passando por Szu, Circe e por você
quando lê este livro. Ah! No momento, a versão Kindle na Amazon está baratíssima, então aproveitem!
Comecei a
ler este livro em 2020 e terminei em março de 2021, porque não foi nada fácil.
Parei muitas vezes, quase desisti, retomei, fui pesquisar uma coisa e outra e
no final tenho certeza de não ter entendido tudo. Além disso, tem cenas de violência
muito gráficas, No entanto, o imaginário de base africana é riquíssimo (o autor não é da África e sim jamaicano, antes que alguém faça essa observação), e eu não poderia largar a
história pelo meio, nem abandonar seus protagonistas, um caçador de faro
infalível e um metamorfo que – sim, acabou tendo um dedinho de influência na
construção, ou recriação, do narrador do meu conto O Troca-Peles
(que você encontra aqui), embora este seja baseado num conto maravilhoso russo. No fim, não foi a
leitura mais prazerosa, mas valeu pelas impressões, pelas portas abertas, pelos
mundos vislumbrados.
A Curva
do Sonho, de Ursula K. Le Guin
Leitura compartilhada no fim do ano com o grupo Espalhe Fantasia. Ursula não decepciona ao contar a história de George Orr (qualquer referência não é coincidência), um sujeito absolutamente comum exceto por uma característica: o que ele sonha se concretiza. E não se trata do futuro, de previsões: todo o passado, as vidas das pessoas e suas memórias se realinham para que ele acorde na realidade com a qual sonhou. É um livrinho bem curto, doido e fascinante que eu recomendo a todos.
The Girl Who Circumnavigated Fairyland in a Ship of Her Own Making, de
Catherynne M. Valente
O juvenil
estrangeiro mais legal que eu li este ano conta a história de September, uma
menina que passa por várias aventuras, mais ou menos ao estilo de Dorothy e
Alice, mas com uma pegada um pouco mais agridoce. Já tem continuações, que
ainda não li, e até onde sei teve apenas este primeiro livro traduzido no
Brasil, pela Leya. Uma coisa muito legal é que esta e outras histórias de
Valente foram musicadas por uma das minhas compositoras favoritas, S. J.
Tucker; dá para ler com playlist própria, e deixo o link da minha canção preferida
no canal da artista.
Bom,
pessoal, essas foram minhas leituras estrangeiras mais legais em 2021. Agora quero
saber das suas. Deixem aqui nos comentários, e aguardem: dentro de uns dias
virá o post dos meus favoritos entre os livros nacionais.
Até lá, e
um grande abraço!
2 comentários:
Que bacana! Teve boas leituras por aí!
Sim, foram muito boas. O primeiro, em especial, recomendo!
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