terça-feira, julho 10, 2018

Meio Portuguesa...


Várias vezes fui levada a responder à clássica pergunta: "por que escreve sobre castelos, já que é brasileira?"

A resposta mais simples é: cada um escreve sobre o que quer e o que gosta, e está acabado.

Outra resposta simples e um pouco malcriada é: você faria a mesma pergunta a autores norte-americanos? Sim, porque se eu "tenho que" escrever sobre o Saci e o Curupira, o George R. R. Martin "tem que" escrever sobre o Coiote e o Pássaro-Trovão! :)

A resposta mais complexa e mais honesta tem a ver com a cultura dominante no Brasil, que se construiu sobre moldes europeus. Foi o que lemos quando crianças e é o que continuamos a ler; só lentamente a fantasia nacional vem incorporando elementos indígenas e africanos. E eu acho isso maravilhoso - inclusive já escrevi contos ambientados aqui e ligados a mitos indígenas - mas, ei! O fato de ser legal, relevante e importante não torna nada obrigatório quando se trata do gênero fantástico. Lembram-se da resposta mais simples, escrever sobre o que você gosta? Então. Se eu continuo a amar histórias de castelos, escrevo histórias de castelos...embora o faça com meu jeitinho todo brasileiro, ou melhor, meu jeitinho meio portuguesa, meio quatro queijos.

O português era meu pai, veio menino de uma terra antiga cheia de fadas moiras e castelos, e este fica na aldeia em que ele nasceu.

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Na foto: o Castelo de São João do Arade, em Ferragudo, Portimão.

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