segunda-feira, setembro 03, 2018

Em Luto pelo Museu Nacional


Criança e adulta, fui muitas vezes ao Museu Nacional, e depois levei minha filha, menos recentemente do que gostaria. No entanto, minha maior recordação de lá vem de uma visita que fiz com minhas sobrinhas Beatriz e Flávia, quando a última estava com três ou quatro anos. Estávamos na sala das múmias, e a pequena se aproximou, olhou bem para aquele corpo todo enroladinho e soltou:

-- Eu gostaria de ser a múmia.
-- Por quê? -- perguntei, surpresa.
-- Porque, assim, eu não teria medo dela -- foi a resposta, cheia de uma lógica irrefutável.

Não guardo fotos dessa visita -- podem existir em algum álbum desbotado -- mas todos nós guardamos a história, frequentemente lembrada em reuniões familiares. É com desgosto que penso que os filhos da Flávia, caso ela venha a tê-los, jamais verão essas múmias; que as novas gerações de brasileiros não terão lembranças dos artefatos indígenas, do caranguejo gigante, dos frascos repletos de seres e objetos misteriosos.

Aliás,do jeito que vão as coisas, sabe-se lá de que se lembrarão os brasileiros. Da liberdade, talvez.

...

O faraó retratado na foto não estava no Museu Nacional e não foi ferido durante o incêndio. Se alguém souber quem é ele e quem tirou a foto, avise que dou os créditos. 

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