A
Mulher Grisalha não tem qualquer problema com falares, sotaques e jeitos
coloquiais. Tolera a maior parte das gírias e vícios de linguagem, aliás
cultiva alguns em seu próprio jardim, e compreende a inevitabilidade dos
jargões de ofício. No entanto, há expressões que a desgostam, e é esse o caso
do “Quando For Assim”.
Essas
três palavrinhas parecem amigáveis, mas escondem uma realidade terrível: a da
censura velada à sua forma de resolver problemas, quando não ao seu direito de
opinar e até de pensar. Claro que às
vezes a intenção é a melhor e a orientação é necessária, mas o uso da expressão,
principalmente quando é dita em tom condescendente e acompanhada de um braço ao
redor do seu ombro, acaba com qualquer possibilidade de gratidão. Você tem sua
percepção, raciocínio e atitudes questionados: ok, você estava sozinha para
resolver esse e aquele problema, ninguém soube te dar informações ou você não
tem meios para fazer algo do jeito canônico, mas, quando for assim, siga o procedimento X, mesmo que tenha conseguido
fazer o que precisava de um jeito muito mais simples.
Ou: é proibido/impossível, mas, quando, for assim, fale comigo que eu
arranjo tudo.
Ou ainda (essa está nas
entrelinhas e é a pior de todas): ninguém te deu retorno sobre nada, mas, quando for assim, você deve ser capaz de
adivinhar exatamente o que se passa na cabeça dos outros e agir de acordo com
os que eles esperam. Se não, cadê sua inteligência? Cadê sua boa vontade e
capacidade de observação? Cadê, ó Mulher Grisalha, cadê seus superpoderes?
Enfim, são palavrinhas camaradas,
mas deve haver alguma vibração cósmica no som, fico incomodada sempre que
escuto. E o resultado é que uso este espaço, que devia ser de uma crônica, para
um desbafo, ou um mimimi, aliás outra palavra corriqueira que me dá nos nervos.
Sei que é chato vir aqui e se deparar com isso; peço desculpas.
E prometo que, quando for assim, avisarei no subtítulo
do texto para que vocês possam fechar a página.
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