Não é aniversário, nem aniversário de sua morte (embora este ano se complete o cinquentenário), é apenas um tipo estranho e feliz de nostalgia que está me fazendo reler Cecília Meireles.
Resolvi compartilhar isso com vocês, sem links para seus textos ou biografia (a rede está repleta deles, é só procurar!), mas ilustrando com um desenho de Cecília em Lisboa - feito por seu primeiro marido, Fernando Correia Dias - e com um poema que eu levei copiado num caderno quando fui passar três anos em Portugal. Espero que vocês também gostem.
Desejo de Regresso
Deixai-me nascer de novo,
nunca mais em terra estranha,
mas no meio do meu povo,
com meu céu, minha montanha,
meu mar e minha família.
E que na minha memória
fique esta vida bem viva,
para contar minha história
de mendiga e de cativa
e meus suspiros de exílio.
Porque há doçura e beleza
na amargura atravessada,
e eu quero memória acesa
depois da angústia apagada.
Com que afeição me remiro!
Marinheiro de regresso
com seu barco posto a fundo,
às vezes quase me esqueço
que foi verdade este mundo.
(Ou talvez fosse mentira…)
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