Eu sempre gostei de contar histórias. Vem lá de dentro. Minha família se lembra de quando eu, pequenininha -- uns quatro anos talvez – inventava longas histórias com personagens próprios que contracenavam com outros tão inusitados quanto Mogli, Emília e os deuses da mitologia grega.
(Sim, eu tive a sorte de também ter quem me contasse e lesse histórias).
Da palavra falada para a escrita foi uma transição natural, e eu venho escrevendo desde que aprendi a fazê-lo. Mais de quarenta anos. Continuei contando também. No início acho que era apenas uma forma de extravasar pensamentos e inquietude, depois foi um jeito de afugentar demônios, hoje é tudo isso e também uma forma de eu me expressar e deixar minha mensagem para o mundo – alguma coisa que fique e se perpetue depois que eu voltar a ser poeira de estrelas.
Você, mulher que conta e escreve histórias, saiba que é herdeira de uma longa linhagem, que vem desde as avós da Pré-História, passou pelas mães e avós, camponesas, parteiras e fiandeiras. Uma linhagem que sobreviveu às fogueiras e aos espartilhos. Uma linhagem que se fez ouvir, ainda que em boa parte do tempo permanecesse invisível.
Eu conto histórias pelo prazer da partilha.
Eu escrevo pelo anseio de eternidade.
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